Dos participantes no passeio de Natal KEDASbike: Nagy,
Carlos Pereira, Faria, Rocha, PedroS, Rui, Joel, Miguel e Mário juntaram-se os
Kedistas Locas, Tó, Victor, Tony e Mendes mais quatro convidados, Abílio,
Victor, Domingos e Cristiano na Tasquinha do Zé para a tradição continuar a ser
o que era.
20.00h foi a hora marcada para o ajuntamento, e às 20.30h a
saída do famoso cozido à portuguesa da casa. Mas poucos cumprem horários… nem
para comer. Só o Mário é que tinha uma desculpa para chegar mais tarde, visto
que mora mais longe, e chegamos mesmo na queima de Boticas.
Às 20.00h uma meia dúzia de “kedas” a segurar velas, mas nos
10 minutos seguintes já uma boa moldura de “kedas” iluminavam o balcão, fomos
em peregrinação para o salão mercedes para começar a subir nas entradas. O
Mendes tem sempre o relógio fora do pulso mas o Rui e Tony nem sabem o que é um
relógio, e chegaram já com o cozido fora do forno.
A coruja das neves largou o pelo mas vestiu as pernas de
branco, o que deixou um elemento com o fetiche estragado, desde de criança que
sonha com a professora primária com as calças brancas, e este veio estragar o
sonha de uma criança e o fetiche de um adulto.
As conversas são a maioria intelectuais a roçar a loucura,
sempre a falar num tom sem dar keda das cordas vocais, não se fala de bikes nem
do passado, e não, não… não falamos do passado, porque esse não volta atrás. As
piadas, algumas repetidas são como se fosse a estriar. Os músculos abdominais e
os faciais são os que mais sofrem nesta maratona sentada. Uma verdadeira
loucura pq não se pode escrever/lembrar de tudo, pq, pró ano tb há.
Como já fazemos este passeio de Natal há alguns anos a
pesquisa deste seria para zonas menos conhecidas.
Partindo do que é importante para um passeio deste género e
diversos tipos de canelo, não estava fácil arranjar um fato à medida.
Trás-os-Montes era para onde apontávamos no mapa, faltava saber para onde. Após
algumas indecisões os trilhos de Boticas iam ficar assinalados pelas nossas
rodas.
Sete Kedas: Nagy, Carlos Pereira, Faria, Rocha, PedroS, Rui
e Joel mais dois convidados Miguel e Mário concentravam-se pelas 7.15h em
Famalicão para tentar arrancar em cima da bike antes das 9.00h em Boticas, o
que não aconteceu... Muita logística…
Levávamos três tracks carregados no GPS para ver o que o
tempo e as pernas nos iam obrigar/deixar fazer.
Começamos por trilhos queimados, marca registada em 2017,
ainda estávamos aquecer quando os rastos de javali eram demasiado evidentes nos
trilhos, (segundo o caçador do grupo ). Dois Kedistas tb quiseram deixar as
suas marcas no chão, largar lastro. Mais um registo a ser visto da estação
espacial.
Não estava o frio para a quantidade de roupa que alguns
carregavam no corpo, a pausa estava a aumentar. Voltar a montar e aquecer, no
trilho um pinheiro tombado ocupa grande parte da via ciclável e o afunilamento
para a passagem estreita obriga a travagens sem direito a STOPs, o Rocha não vê
as luzes a acender mas ficou a ver as estrelas quando se enfaixou na roda
traseira do Carlos Pereira e levantou voo. Lá está, o aquecimento é muito
importante… e não sei se foi a quantidade de medronhos que comemos já com
cheiro a bagaço que tornou a condução menos assertiva. Mas um medronheiro
carregado de fruto desaparecer em escassos segundos… é obra. Alguns ainda
traziam medronhos amarrados ao equipamento, tal era a voracidade da gula.
Um novo elemento começava a fazer companhia, o nevoeiro,
esse grande aglutinador de paisagens, esse grande F”#$%& da P&%$% que
não nos deixava ver nada, às vezes nem 10m e durante muito tempo. O Joel começa
a colocar a bike de pernas para o ar, a transmissão com o nevoeiro grosso,
espesso e transpirado juntando as areias finas amarradas como se de limalhas se
tratasse, estava a dificultar-lhe a oxigenação da lubrificação da máquina. E a
média era altíssima não estivéssemos nós pedalar na cota dos 500m…
Estava na altura de carregar outro track e fazer uma parte
em sentido contrário, um pouco de alcatrão a descer, numa parede de nevoeiro
acompanhado de chuva miudinha, com curva contra curva sem ver um chavo. Aqui o
Rocha sentia a falta do seu guarda-lamas novo que trazia no camelbak, depois da
keda.
Só me preocupava a audição porque os carros elétricos,
esses, era para bater de frente ou levar uma panada na traseira da bike.
Quando o nevoeiro ficou mais em cima, nova paragem para
almoçar, era ver quem levava o melhor petisco de diversas variedades, tinha
desde arroz de marisco a batata-doce, sande americana, sande salpicão e a
famosa sande do Faria. Era à escolha.
O Rui achava estranho só ele é que não levava impermeável,
ou os outros é que viram mal o tempo previsto para Boticas.
Arrepiávamos caminho para aldeia da Penalonga, e longas
subidas começamos a fazer num total de 500+ de acumulado até ao Castro do
Lesenho.
Passamos na aldeia mas só os cães é que nos cumprimentavam,
a seguir eram as curtas subidas de ferrar no avanço, para depois o Rui tentar o
que a descer deveria ser interessante. Esta parte do percurso era ao contrário…
mas… bike prás costas e ganhar a taça da merda, segundo o Joel.
Depois de trepar o trilho com as bikes às costas, a paisagem
continuava lá e tinha de ser absorvida, mesmo com a chuva transformava-se numa
paisagem camaleónica ajudada pelo 10º elemento, o nevoeiro, as cores outonais
são de uma verdadeira beleza o que me deixa uma nostalgia de ter percorrido poucos
lugares este ano onde essas cores nos deixam a ganhar raízes.
Durante a escalada a perceção da descida, com as pedras a
produzir musgo para o presépio, e as almofadas de folhas deviam dar para umas
boas KEDAS.
Com as pernas ainda amarradas à caminhada/escalada a subida
em cima da bike estava a ser dolorosa para as minhas pernas e para a
transmissão da bike do Joel, nas mudanças mais baixas tinha de fazer “DH”, o
Carlos Pereira ia dando uma ajuda na mecânica mas era impossível, o óleo nem
amarrava à corrente, mistérios…
Quanto mais subíamos, mais o 10º elemento se fazia notar e a
subida ao topo do Castro do Lesenho foi visitado apenas por dois GERREIROS
PedroS e Miguel, o Mário ainda esboçou um micro gesto de trepar até ao cimo,
mas deve ter sido um espasmo do nevoeiro.
Na descida carregava as baterias para mais alguns km de
paisagem monocromática, mas as limalhas na transmissão do 10º elemento
deixavam-no para trás com a bike de pernas para o ar. Entravamos na zona
colorida do percurso sem chuva a descer. Os castanheiros em strip deixavam as
nossas rodas calcarem as suas roupas velhas.
Aí, o Joel não se queixava, mas as subidas tinham sempre
defeitos, e a paisagem que não se conseguia ver, e estava a chover, e era só
estradões, e a zona mais técnica era muito técnica, e etc & tal. Mas para o
ano ele vai escolher um trilho em dezembro com belas paisagens, belas descidas,
sem chuva, ST e afins, tudo o que gostamos no BTT do melhor… claro que o Rocha
vai ajudar. Pq é fácil. E ao gosto e canelo de cada um. .I.
O entusiasmo parecia ser maior, já se via mais ao longe e as
subidas não apareciam há algum tempo, os trilhos estavam a ser divertido, zonas
de lajes graníticas ladeadas vegetação e muita pedra, praticamente sem recorte
no terreno onde escolher colocar as rodas. O Mário vai lembrando a loucura da
Serra Amarela, uma zona igual, semelhante, o cansaço não era o mesmo, mas tinha
o mesmo aspeto, uma bonita e bela zona, puro BTT com caminhada, o que interessa
é lá estar e passar como dá vontade, e tentar não interagir com as pedras :)
Continuávamos a descer e a passar em zonas onde há muito não
passava ninguém, tal era a altura da vegetação. O Mário acabou com a sorte de
ter furado durante muito tempo, com um pneu montado na roda traseira que
tínhamos duvidas se ele não o tinha montado do avesso tal a inexistência de
tacos. Bicicleta de rodas para o ar, assunto a resolver com a ajuda de PedroS e
Miguel. Os outros atiravam pedras para ver quem “amandava” mais longe, ou
estariam a manterem-se quentes... Não foi a melhor zona para furar, o vento
estava a cortar e os atiradores de pedras foram descendo para zona mais
abrigada.
Com a reparação a
ficar pronta só faltava virar a bike ao contrário, o Miguel fez as honras e
vaticina o que ia acontecer minutos à frente. Ao virar a bicicleta dá com a
roda no capacete do Mário, dez metros à frente já montados, repete-se a
façanha, e em keda, sai pelo para-brisas da bike e leva outra vez com roda na
cabeça….
O cansaço de alguns já estava a aparecer e a luz a
desaparecer, com mais 10km no monte o pessoal decidiu fazer o restante pela
estrada, estavam cansados mas quem os via a pedalar no alcatrão percebia que
estavam cheios de sede, queriam ir o mais rápido para o tasco comer um prego
enferrujado tal era a fracura da coisa. Uma valente desilusão o prego no final
do percurso, mas a cerveja estava como de costume essa não nos deixa mal, já quentes
de roupa trocada, que sempre é mais confortável e aconchegante.
Estes 9 bettistas chegavam a Famalicão, um banho rápido para
se juntarem a outros 6 kedistas mais 3 convidados para o jantar de Natal
KEDASbike :)