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Às 8.00h já estava à porta dos 5 Cumes, estava eu e o meu
ego simplesmente sós, prontos para fazer um bom passeio. Com os 80km e os 1800+
de acumulado que a organização apresentava não era nada de extraordinário. A
tática muito estudada com os meus treinadores era: a partir com os seiscentos
melhores dos 5 cumes até ao meio da subida do primeiro cume, sempre em alcatrão
durante os primeiros 7,5km e depois abrandar para o ritmo a que estava
habitado.
Dá-se o arranque às 9.30h (tão tarde).
Quando dou por mim estou no fim da seta que lidera o pelotão
da frente e a sentir-me bem, fui acompanhando até ao inicio da subida e fui
subindo a bom ritmo, já perto da separação o Jardim passa por mim com mais
algumas mudanças. Com ideias de o acompanhar apostei na descida para o
alcançar, mas logo nas primeiros metros da descida a tentar desviar de tantas
pedras houve uma que não consegui desviar e o pneu começou a cantar, furo,
furo, tentei que o liquido fizesse o seu trabalho, mas como era traçadela, não
foi possível. Toca a desmontar para mudar de câmara de ar e com o calor que já
se sentia o corpo, para arrefecer, começa a tirar água do organismo. Perdi uns
20 minutos.
A descida continuava interessante mas não tinha mais câmaras,
lá fui descendo mais à cautela.
Mais à frente e a descer, uma moto a subir pregou-me cá um
susto…
Como este ano os 5 Cumes não contavam para a taça deviam
existir belos ST como nas minhas primeiras participações, o que se veio a
verificar.
Os três primeiros cumes deram bastante gozo tanto a subir
como a descer, com muitos tipos de trilhos que não te deixavam na monotonia.
O reforço de sólidos não era grande coisa em qualidade e
quantidade, e não me entusiasmei, comi pouco, mas como vinha sempre a mordiscar
comida que tinha trazido de casa, peguei em duas bananas e meti ao bolso para
ir comendo até ao próximo reforço.
O calor continuava a apertar e pedalava já para apanhar o
lado mais fresco do trilho ou estrada quando a tínhamos de passar. O segundo
reforço, mais do mesmo, mas agora a pedido de várias famílias foram buscar as
famosas bolas de Berlim, e quanto a doces era só, mais umas bananas e retomar a
pedalar, pensando sempre na última subida do dia, uma verdadeira p#$%& já
conhecida.
Estava perto dos 50km e já sentia picadas nos músculos, JÁ!,
pensei eu, ainda falta tanto e já estou a ficar f%&$#”$. Salto da bike e
começa o DH (andar com a bike ao lado em PLANO! Dasse) estou mesmo bem!!!
Já andávamos perto da margem do Cávado e aproveitava todas
as descidas para ir alongando os músculos. A travessia do Cávado numa ponte
flutuante a fazer de barragem a nenúfares, deram um colorido à minha alma
apagada. Já tinha ingerido mais bananas do que um zoo gasta ao domingo.
No último reforço já com algumas bebidas “profissionais” fui
bebendo o que podia e tb esforcei-me para comer mas já sem vontade nenhuma.
Arranquei, e pelo caminho cada vez se viam mais empenados a fazer DH.
Aproveitava as retas para pedalar com os calcanhares para manter os músculos no
sitio o maior tempo possível.
O 4º Cume foi feito a meias, ora ela empurrava-me a mim ou
eu empurrava-a a ela. O Ego esse já devia estar a chegar ao mar, aproveitando o
rio Cávado e no cimo do 4º cume via-o deitado na praia a ser banhado pelo sol
com o mar a torrar-lhe nas pontas dos dedos, com um vai e vem.
Chegado ao cimo à que descansar e comer, hidratar com sais e
tentar não partir os dentes ao descer. O olhar de empenados têm alguma graça,
não olham para lado nenhum, dizem um monte de patetices ou estão simplesmente
calados. Um estava a descer e pensava que já tinha feito os cumes todos e era
só levitar-se até à meta, mas ainda faltava o PENEDO DO LADRÃO, o último cume
esse F”#$$” da P&%$#. Parece que só estou a falar de sofrimento, e de bikes
nada. Já há algum tempo que não levava uma coça destas, com esta somo 4.
Mas ainda não tinha acabado, estava a começar a minha
penitência a subir e vamos lá ver onde é que vamos parar, ou os músculos me
atirarem ao chão. Viam-se alguns colegas de empeno a fazer DH intercalado,
outros, mal começaram a subir colocaram-se em posição de DH. Eu ainda consegui
buscar força ao último ano que tinha passado por ali, lembrava-me de cada curva
e obstáculo que ia aparecendo. Consegui fazer quase tanto como da última vez.
Cheguei ao cimo das duas vezes, da primeira sem por o pé no chão, desta vez fiz
pelo menos uns 150m a 200m. Depois foi a arrastar uma espécie de sonho ébrio,
alguns ainda passavam por mim montados, mas a curva não quer dizer que a
ascensão acabasse, continuava e desmontavam, pelo que me pareceu só um, que eu
visse, a chegar montado, dasse que empeno. Enquanto repetia a tradição do 4º
cume e como estava mais roto demorei mais um pouco a oxigenar o cérebro. Esta
descida era bastante exigente, e foi feita bem devagar para a queda, se
acontecesse, não chorar muito. Devo ter feito uns 7km a 8km de DH e mesmo a
chegar à rotunda da meta tb a tive da fazer a pé… estava tão roto que até mudei
de voz. Para a próxima levo uma grande sémia e um presunto às costas.
Restantes vídeos
https://www.youtube.com/results?search_query=kedasbike+20-9-2015+5+Cumes+
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