Clica na foto para aceder à galeria |
Com dois tracks a sair de Montalegre, um direcionado para a
Serra do Larouco e outro para Pitões das Júnias. Abílio, Nagy, Pedro Faria e
PedroS escolheram o de Pitões.
Do castelo de Montalegre via-se ao longe as montanhas
cobertas de neve, não sabíamos se íamos apanhar ou calcar alguma neve,
arrancamos pelas 9.00h.
Um aquecimento de uns km para logo começar a trepar. As
primeiras imagens de alguma neve apareceram nas bermas mais escondidas do sol.
Estava um dia solarengo e o vento não chateava, nem a subida estava a
massacrar. Mas o corpo ainda não estava formatado para o tipo de relevo
montanhoso e o coração já disparava para valores máximos.
Com o avistamento de maior cobertura de m2 de neve, fizemos
logo uma festa à neve e colocamo-la como estrela de cinema, pela quantidade de
fotos que tiramos.
Mais à frente, continuando a subir, já não se conseguia
pedalar em cima da bike, tal era a quantidade de neve, pneus com picos e
correntes ficaram nos países nórdicos. Sim… ainda estávamos felizes com a neve.
Já
estávamos a entrar em território espanhol, e a investida em Espanha foi a
descer com os trilhos carregados de neve. Agora era experimentar como a bike
reagia e pedalar um pouco às escuras, não se conseguia perceber onde estávamos
a enfiar as rodas. A adrenalina estava a aumentar e a bike só quando fazia uma
curva é que começava a enlouquecer derrapando como lhe dava na telha.
Voltávamos a entrar em Portugal mais propriamente em Tourém,
a neve ficava para trás. Aproveitamos algum do tempo para visitar a aldeia e
entrar no forno do povo, o que provocou o alarme da corneta do “almoço”.
Comemos o que levamos nos bolsos, numa praça da aldeia sentados a deixar o sol
acariciar-nos o corpo. Nagy está mais atento ao que o rodeia e foi fazer uma
expedição sozinho para ver se encontrava uma cadela “marrom”.
Atravessamos Tourém e fizemos uma boa parte da margem do
espelho do Rio Salas. Com cerca de 30km já percorridos, e em direção a Pitões
das Júnias para fazer mais 10km e somar mais 450m+ de acumulado, com… mais…
neve… já começava a ver tudo branco, já estávamos a ficar com neve pelas
orelhas, mas o que doía eram os músculos das pernas que ainda não tinham tido
descanso. Para descer também era preciso pedalar, e mesmo rolar sempre com
mudanças baixas para poder prosseguir no terreno.
Os nossos trenós de rodas aterravam em Pitões das Júnias,
com os telhados a espremer os lençóis brancos que transformavam a aldeia num
dia chuvoso com o céu azul e o sol em todo o seu esplendor. Fizemos a visita da
praxe à Aldeia e esculpimos alguns postais.
De saída de Pitões fomos fazer duas visitas: o mosteiro de
Sta Maria de Júnias implantado perto de uma ribeira guardado por um carvalho
com alguns séculos,
uma chegada bastante generosa em calçada romana já demasiada
usada pela erosão. Uma descida com todos os termos de adrenalina e beleza.
Visitamos o mosteiro e a sua envolvência encantadora, as cores outonais já
velhas mas reluzentes provocadas pelos séculos de exposição envergonhada aos
poucos olhos de visita anual. O som do ribeiro refletindo o sol, o verde vivo
da relva, os castanhos e os cinzentos da vegetação, céu azul e o sol a
convidar-te para te esticares e ficares ali até tu próprio te transformares num
século. Naaaaa… ainda tenho de ir visitar a cascata, e para sair deste buraco
subir uns 50m+ com a bike às costas.
E foi duro muito
duro, a descida deu mais prazer.
O Abílio já conhecia a cascata de Pitões e a dureza da
subida e não quis ir. Os restantes sem saberem muito bem o que os esperava
começaram a descer em paralelo, depois passou para terra/pedras/lajes, e a
seguir para rampas em madeira com escadas e escadórios, demasiadas escadas…
optamos por ir em cima da bike ao lado da estrutura de madeira até à cascata de
Pitões.
Bonito, muito bonito, com uma vista para PNPG fantástica.
Dava vontade de colocar as espias e ver o sol desaparecer, para lhe dar as boas
vindas no dia seguinte. Esta beleza não deixava de lembrar que tínhamos outra
vez de subir com a bike às costas “literalmente”, descer escadas ainda dá em
cima da bike agora… subir… 150m+ dasse, F”#$%&. “- vamos ver a cascata”, “-
vamos ver a cascata”, “- vamos ver a cascata”, agora sobe e arrasta-te escadas
acima, o Abílio tinha rasão. É bonito, mas… depois é a subir… e chegamos perto
do Abílio todos rotos.
Com 45km deixávamos Pitões para trás, e também uma grande
parte da energia ficou nas duas últimas visitas. Os próximos 7km com 200m+
foram de uma dureza não prevista. Caminhos com muita lama, neve, vegetação com
uns 30cm e sempre a rolar ou tentar, não se via o trilho e navegavas mais ou
menos por ali, eramos quatro e cada um escolhia um caminho diferente, sinal de
desespero. NEVE, já estava cheio dessa P#$&@ dessa neve, “olha a neve, que
bonita” onde se vê boniteza na neve?
Onde? Só se for em cima de um trenó, não é em cima de uma bike sem se ver para
onde se vai, dassse.
Finalmente uma descidinha para recarregar os ânimos que
estavam em baixo bem como as dores musculares no alto.
Já passava das 17.00h e ao longe ouvia-se os uivos de um
canídeo que já devia sentir o nosso cheiro a cadáver.
Enquanto descíamos, víamos ao longe uma bela de uma subida,
só não sabíamos que nos estava destinada. AH! Não sei se já descrevi que havia
neve na descida e na subida… devo ter-me esquecido de falar na n-e-v-e ou não,
não interessa.
Interessa mencionar que na última subida de 1,5km com 120m+
fomos brindados por uma caravana de cerca de 15 jipes que limparam um pouco a
neve do trilho calcando-a e espezinhando-a, deixando cerca 50cm de neve calcada
e espezinhada dos dois lados do trilho, o que ajudou um pouco a subida.
Agora, É, a descer tipo trenó em forma de bike e bike em
forma de trenó, foi uma boa descida que ajudou animicamente a carregar as
baterias.
Mas com o adiantar da hora e com 10km pela frente decidimos
rolar por estrada sem neve até Montalegre.
Restantes vídeos
Sem comentários:
Enviar um comentário