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Dois Kedistas, PedroS e Pedro Faria às 5.25H já estavam a
caminho de Oliveira do Hospital.
Ao chegar ao Porto entre ultrapassagens saltou-nos à vista
uma roda de bike na mala de um carro com aspeto conhecido “imbestigue-se”.
Uma aproximação mais calculada com os olhos no condutor, as suspeitas
confirmavam-se, era o Vasco dos Sem Medo BTT. Ia com tal atenção que os nossos
gestos não o faziam olhar para o lado, era como se estivesse a descer uma
trialeira cheia de pedras que ao desviar o olhar era o mesmo que levantar voo :). Teve que ser à base de tlm para perguntar onde ia ele àquela hora da matina.
Ambos na direção de Oliveira do Hospital, dei-lhe a minha roda traseira para
ele aproveitar o vento já que não sabia muito bem onde tinha de aterrar em OH.
Chegamos bem cedo a Oliveira do Hospital mas não fomos os
únicos, já se via muitos carros com bikes espalhados nos diversos cafés.
Chegamos ao secretariado já com filas para levantar o dorsal. Este pessoal
levantou-se todo muito cedo…
Prontos para arrancar e fugir ao Miguel/Joel que estavam a
chegar, dar algum tempo, preparar o aquecimento para não ter de ir com a
língua pendurada perto dos raios da roda da frente para os acompanhar :p
Ao arrancar o bidão salta à vista por não estar lá, ficou no
carro. Com o calor que se ia fazer entre os 30ºc/33ºc mais valia fazer os 2km
até ao estacionamento, um para baixo e outro para cima. Depois da falsa partida
o Miguel já tinha chegado ao secretariado e foi arranjar estacionamento.
Faria, PedroS e Vasco levantaram âncora e zarparam, o Vasco
aquece muito rápido e o ritmo é forte para os Kedas, aquecimento é feito com
mais calma. (e demora o percurso todo)
Chegávamos a um ponto de interesse, ao lugar Bobadela com
vestígios romanos e um Break Coffee oferecido pela organização, mais um pouco
de nitro para o Vasco poder levantar asas. Começou aos poucos a desaparecer e
pelo km12 um furo na minha roda traseira ajudou ainda mais a sua “fuga” (estava
com o relógio controlado). Ainda tentei que o líquido tapasse o furo mas o som
contínuo de “trabalhar em seco” … mais vale mudar a câmara-de-ar. Ao ver se
tinha algum pico amarrado ao pneu na parte de dentro, apanhei um pequeno susto
com a primeira apreciação de tato, não sabia bem o que era mas era bem
resistente, confirmei depois que era um prego de tamanho familiar, “quase que
vazava o aro”, e o líquido não fez o milagre. Já na parte final da reparação o
Miguel/Joel/e amigo chegavam ou apanhavam-nos. Empacotamos as sobras e carrega
nos cranques, em direção à aldeia de Avô.
Chegamos a Oliveira do Hospital com uma coluna de fumo no
horizonte e a perceção era que estávamos a deslocar-nos para lá e este sem
diminuir a intensidade.
A Primeira grande descida do dia, uns 6 km com algum
entusiasmo de trilhos, onde os km passavam a correr. A aldeia de Avô já a
apontava-mos com o nariz e a descida um pouco técnica não deixava muito para a
apreciar em movimento não vá o azar bater à porta.
Esta aldeia é muito fotogénica e de qualquer lado fica bem,
as ruelas, os canteiros, as pontes, a praia fluvial, a visita ao seu castelo trepado com
a bike às costas. O Faria preferiu começar a peregrinação ao topo do
Colcurinho, declinou o convite da organização a visitar o castelo e assim
preferiu ver em postais em vez de presenciar. Mas merece uma visita mais cuidada,
esta simpática aldeia.
O Faria já levava um bom adianto e os meus companheiros
carregam bem nos cranques, já sentia a falta dele ou do ritmo que ele levava.
Os 15km a subir para vencer os 1000+ enganavam bem, o gráfico não mostrava
algumas descidas e zonas mais planas o que ia aumentando a percentagem de
inclinação a vencer. O silêncio era tal, ninguém falava, só a respiração é que
fazia barulho ou ia incomodando, ou melhor era bom sinal, estava a respirar.
Mas continuava com a cabeça muito perto da roda da frente e a paisagem ficava
para quem estava a subir apeado e a respiração mais normalizada. Eu continuava
a pedalar só até aquela pedra… só até aquela pedra… mas havia pedras por todo
lado umas dez e assim aterrava na aldeia, a das Dez. Para ser sincero não me
lembro nada desta aldeia, não tinha muito oxigénio no cérebro e este não
registou nada para memória futura. Agrupamos e abastecemos, 5 km de subida
ficaram para trás.
Faltavam DezZZZZ este nº implacável, continuávamos na
peregrinação ao alto do Colcurinho que ficava a 1200m de altitude, o Miguel
/Joel/e amigo, estavam uma pedalada à frente a cada DezZZZZ metros de subida.
Nas inclinações mais acentuadas a transmissão muito usada da bike do Faria
obrigava-o apear e fazer estas inclinações a ver a paisagem, ou melhor, ver o
que podia.
Ao longe o incêndio continuava a lavrar terreno, diziam que
era para a Zona da Pampilhosa da Serra, os aviões que o andavam a combater
passavam alguns metros abaixo onde nos encontrávamos, dava para ver o piloto.
Quase parecia que dávamos incentivo um ao outro. A faltar 1,5km para o topo
ufa, ufa, um patamar de descanso, aiiiii, é que sabe bem. Todos iam parando
para analisar o resto da subida que faltava, carregar energia, reparar trilho
acima a quantidade de BTTistas com a bike ao lado, ver as magníficas montanhas
circundantes. Mas lá no topo quase mais 200m+ em cima as vistas seriam sem
dúvida mais interessantes. Tinha a certeza que uma parte da subida ia ser feita
à mão ou com cordas, o teleférico ainda não tinha chegado. Usando a técnica só
até aquela pedra, só até aquela pedra, mas não dá, o melhor é ver as vistas e
apanhar rede do satélite que estava a falhar.
No topo já com a respiração normalizada, o Miguel/Joel/e
amigo davam as boas vindas, ao que só consegui levantar um pouco a sobrancelha
a dizer P”#$ F&%$#” de subida mais o C%”#&%, ou pensei… dassssse 1,40h
a subir…
Realmente depois de subir e estar no topo, ainda pensas.... não
foi duro, valeu bem a pena, a paisagem de montanha é deslumbrante, mas sim… tou
todo F$#&”%.
Descida para Piodão sem trilho interessante, à base de
alcatrão e estradão de terra, aqui já pensava nas subidas que fiz para descer
de carro… Só ficou interessante quando começo a ver Piodão e o zoom vai aumentando
até chegares à selfie.
Mais uma aldeia que todos os portugueses deviam conhecer.
O Faria ao longo do percurso ia dizendo, “tantos km só para fazer o ST de Piodão
- Foz D´Égua”. Não conhecia e estava expectante, quando entramos no ST o
cansaço desapareceu e a diversão começou, alguns caminheiros no trilho
estreito, o lado esquerdo uma ravina sem perceber muito bem a profundidade,
zonas sem visibilidade, etc & tal. Estava mesmo a curtir o ziguezaguear
forrado com xisto e curvas com receção para não perderes velocidade… foi
fantástico. Estou como o Faria tantos km para fazer um ST mas que valeu a pena,
ah se valeu. 7 minutos onde só estás tu e o planeta… quando chegamos a Foz
D´Égua um conto saltou à infância, os livros fantásticos com imagens pintadas de um subconsciente
existente, palpável, romanceava as pedras de xisto colocadas umas sobre as
outras formando obras marcantes em quem tem o privilégio de estar presente ali
e fazer parte do nosso ser. Brutal.
No fim da adrenalina, a nostalgia, encontro o Miguel/Joel/e
amigo (Hi! Hi! Hi!) parecia-me que o Miguel andou a fazer de pato, ainda se via
o cabelo molhado e não, não era do suor.
Já tínhamos comido 48km e o Faria estava satisfeito, não
queria/não podia/a bike não queria subir mais 500m+ e cortou por estrada (fuga
2), ainda fui tentado a acelerar para apanhar a roda do Miguel/Joel/e amigo mas
a subida não deixou e fui colocando o meu ritmo (ritmo = a respirar, respirar e
respirar sem cansar muito os músculos dos pulmões). Mais 7km de
alcatrão/estradão a subir, uma horinha, já começava a enjoar de tanto
doce/barras que fui comendo até então. E para conseguir comer mais sem vomitar
(que já era o inevitável) comecei a misturar com os medronhos que ia encontrando
pelo caminho. Já se via muito homem da marreta pelo caminho.
Pensei que ainda tínhamos de subir mais, mas quando a
descida começou a parecer que ia continuar, voltei a carregar o estômago bem
atoladinho para ter energia nos últimos 15km. E foi descer, descer, descer só
olhar para a paisagem e ver ao longe o topo da Serra da Estrela. Mais uma vez a
paisagem sobrepunha o trilho… ainda pensei encontrar o Faria na junção da fuga
mas os medronhos, o empeno e o ânimo não deixaram, os estradões não me dão
vitamina.
Fiquei com a ideia que os últimos 5 km eram a descer/plano e
descorei a reserva de água para o final. No percurso ao lado do Rio Alva a água
do Camelbak estava pelas pontas mas o bidão ainda tinha água suficiente, culpo
o meu cérebro por não me ter aconselhado a encher mais água, com o calor que
estava.
Depois de ter passado pela aldeia de S. Sebastião da Feira e
começar a subir aquela ranhosa de paralelo à esquerda… DASSSSSSSSS entrei em
erupção e a água quase que desapareceu toda. Ai! Ai! Agora é que vão ser elas
sem água e ainda faltam tantos km e só vejo monte…
Reduzir os gastos ao mínimo e esperar por uma porta ou
janela. Passam três colegas folgados na pedalada por mim e mais à frente param
para esperar por outro, que como eu que só lá vai com os vapores. Perguntei amavelmente
se por acaso não levavam água a mais, ao que os três gajos porreiros disseram,
“ a mais não, mas dou-te metade do que levo” disseram os três. Mas assim vou
ficar eu beneficiado, não há problema já está a acabar e tu estás todo fu”#$
pensaram eles. Ainda bem que eles me apanharam… Enquanto agradecia o
Miguel/Joel/e amigo passavam por mim quase sem me ver, acho que tb estavam a
ficar KO ou então pararam para beber uns copos Ah! Ah! Ah!
Fomos os quatro continuando a pedalar em direção ao sol, é
que não parava de subir até à N17. Depois foram uns km a vapor e tirar o ácido
lácteo dos músculos.
O Faria ainda encontrou o Vasco na junção na fuga 2.
Na “meta da partida” fomos degustando as iguarias de
Oliveira do Hospital, o que saltou ao palato foi uma sopa de castanha
fantástica com o sabor e textura de fazer uma viagem só para comer a sopa.
Em rescaldo do passeio: como trilhos, descida para aldeia de
Avô, o ST de Piodão Chão d´Égua e subida ao Colcurinho. As aldeias e paisagem
serrana. As outras descidas e subidas sem interesse, estradão/alcatrão.
Ps: agradecimento aos três Bttistas que levavam água a mais…
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