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Às 7 da manhã na N14 em Famalicão, era o nosso ponto de
encontro para arrancar. O carro do Carlos Pereira com o Joel e Hugo chegavam
depois da hora à casa do Nagy, já com o Rocha e PedroS à espera. Mais à frente
o Rui já devia estar a olhar para o relógio, estava em sistema apartheid. Queria ir sozinho ou queria vir mais cedo do
passeio. O Joel era o organizador… e chegava fora de horas.
Seguimos em caravana, com o atraso optamos por ir pela A3
até Arcos de Valdevez. Rocha e PedroS estavam com dificuldades em escolher a
trajetória até o Carlos Pereira decidir tomar as rédeas da caravana. Conhecia
bem a Carolina Herrera como a palma da sua mão esquerda, ou direita. Ficamos na
dúvida depois de andar às voltas na rotunda e fazer umas inversões de marcha. O
Rui continuava no bom caminho em direção a Lobios, Espanha.
Este percurso já o tínhamos feito em 2012, fazia neste dia
exatamente 6 anos, e com o desempenho dos Kedas poderia haver algumas
alterações.
O Novato de Lisboa, o Hugo, ia experimentar um trilho mais
exigente, física e técnica. Estava em grande “forma” tinha feito treinos
específicos no sofá.
Arrancamos com um pequeno aquecimento ao longo do Rio Caldo,
uma breve visita à cascata. Depois foi trepar e trepar, o Hugo ia fazendo uma
caminhada a subir ou DH, dizia que havia muito oxigénio e não estava muito
habituado a tanto exagero por cm3.
Depois de subir tivemos direito a descer, um ST que foi
desaguar no famoso ST das Sombras, uma pequena parte que nos deixou gulosos…
Mais uma paragem para nos deliciarmos com a natureza, tinha
produzido uma bela foto com a ajuda dos humanos. Sobre o Rio Vilameá uma ponte
em pedra, ao lado um moinho de água semi-recuperado, estávamos a entrar no
Natal e já tínhamos um presépio. Os Kedas faziam de figurantes 😊 Mais uns km a romper as pernas e um estradão para recuperar,
entravamos na zona que sofreu mais alterações em seis anos, o alargamento de um
trilho com o tapamento da geira tirou-lhe o encanto todo, ficando só a vista
para a barragem do Lindoso.
Esta tb era a zona mais mastigada, os km demoravam a passar
e eram duros a subir, todos fizemos uma pequena peregrinação a pé.
Mais um contratempo para quem não conseguiu atravessar o Rio
de Lobios sem molhar os pés, não voltou a ficar com eles quentes.
18km feitos e praticamente o acumulado todo nas pernas,
ficavam uns 250+ em 10km para dizer que não era sempre a descer.
Não deu para inventar, e optamos por descer o ST das
Sombras, este trilho não o fazíamos há dois anos. E havia surpresas…
A entrada no trilho não deixava enganar o maçarico do Hugo,
mas o Nagy confortava-o a dizer que aquela parte, era a parte boa. O Nagy não
se enganou, e foi como entrar numa centrifugadora e ser bem abanado. Com algumas zonas em que não arrisquei descer em cima da
bike, outras foram tentadas, umas conseguidas outras nem por isso. Cada um
colocava o ritmo que mais lhe convinha, como o trilho era uns 75% em cima de
pedras, ora escavadas pela erosão, umas soltas outras juntas a fazer um trilho
em calçada portuguesa, muito disforme, onde os músculos iam mudando de sítio
com a trepidação.
A paisagem ia vendo quando saia de cima da bike, não dava
para desviar os olhos da quantidade de pedras, e escolher onde ia colocar a
roda da frente exigia muita concentração.
Por duas vezes tive de sair da bike como deu jeito, usando
tracção às quatro para não cair, ou saltado por cima do guiador e tentar não
fazer uma entorse. Aí tb dava para ver a paisagem e ver quem estava para trás.
À frente ia o Rui e numa ultrapassagem a este, numa boa zona tb com pedras, ao
calcar um calhau fez a bike fugir para a direita, batendo com a roda da frente
num pedregulho, levanto voo imediatamente, o instinto foi abrir braços e pernas
e cair confortavelmente numa vegetação que nascia a um metro abaixo do trilho.
Fiquei como numa poltrona virado para o Rio Vilameá, e para aquele bonito vale.
Enquanto fazia as contas de multiplicar para dividir pela dor que estava a
sentir, desconfiava que só tinha dor na coxa esquerda, tinha explodido nessa
zona as calças e via-se uns arranhões com sangue à vista, devia ter batido com
a coxa no guiador quando estava a ser cuspido de cima da bike, o que provocou a
minha aterragem. Claro que com a adrenalina o riso saia bem alto, o Rui
ficou indeciso se tirava uma foto ou impedia a minha keda no desconhecido, ele
não sabia quanto tempo é que a vegetação aguentava, embora eu sentia-me seguro.
Lá fui rebocado por ele até ao trilho. Entretanto chegava o Carlos Pereira mais
o Rocha, tb eles vinham de algumas tentativas de keda.
Continuávamos da senda das pedras, mais à frente mais uma
pancada no joelho, desta vez o guiador com o manípulo das mudanças, tirou-me o
ar todo, tenho a ideia que estive quase a desmaiar de tão intensa dor, fiquei
parado até ver o Nagy chegar, o Rocha e o Carlos Pereira já me tinham enxugado
as lágrimas eu ficava para recuperar o fôlego.
Com a companhia do Nagy chegamos à ponte de madeira, o Carlos
avisava que esta estava a cair, era melhor desmontar e ir amarrado ao corrimão
lateral para não cair à água.
A Chegado do Hugo e Joel demonstrou a dureza o trilho, o
Joel queria dar com a bike em quem teve a ideia de ir por aquele trilho. Só
tinha uma bike e 4 gajos a encolherem-se.
A volta do astral deu-se quando fizemos a descida do
calvário da Ermida da Nossa Sra do Gerês, ficavam as pedras para trás. Mas o Rui ainda consegue descer um drop em
égua durante uns metros sem cair.
Fizemos um 1km, parte do trilho final até Vilameá
coincidente com uma parte do primeiro 1/3 do percurso, mas soube bem.
Encaminhámo-nos até Torneiros na lagoa de água quente, fomos molhar a pomba e
no fim tascar. O Rui tinha o seu apartheid e foi embora sem banho e sem lanche.
Não podíamos demorar nem comer muito, tínhamos o nosso jantar de Natal com
outros Kedas e amigos.
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