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Quando o calendário NGPS saiu, Chaves foi um dos que saltou
à vista com interesse, visto que era uma zona onde não conhecia qualquer
trilho.
Rocha e PedroS já contavam com chuva no percurso, mas
apanhar neve antes de chegar a Chaves na autoestrada é que não contavam, e isso
atrasou o arranque em cima da bike. A autoestrada estava com os limpa-neves a
trabalhar e a velocidade foi reduzida. E de certeza que o frio na zona ia
aumentando.
Começamos com uma visita ao centro de Chaves, aí lembrei-me
que há muito não visitava esta bela cidade transmontana.
Pedaladas iniciais em plano no meio dos campos junto ao rio
Tâmega, com belas paisagens, era um bom aquecimento se não estivesse a chover e
as temperaturas brancas.
A chegada à “Ponte do Arquinho” deu mote para entrar no
verdadeiro trilho no que concerne à palavra. Sem estradões (sim estou a ficar
cheio dos percursos serem 80%/100% em estradões), são mais desgastantes mas
mais BTT. Demoras mais a subir e a descer vais buscar mais entusiasmo durante
as horas que se passam em cima da bike, não vais a bocejar a etapa toda onde
não acontece nada.
Neste de Chaves até aos 45km tudo do melhor em trilhos.
Num início de primavera, as flores e rebentos multicores lavadas
pela abundante chuva que se fazia sentir, ela não chateava nem arrefecia o
corpo que estava sempre em movimento de trilhos. As paisagens, essas tb
deixavam os olhos voar ou saltar de cor em cor.
Tive a companhia do Rocha até apanharmos a subida da calçada
romana, pelos 42km a calçada mandava o Rocha para Chaves.
Com a companhia de outros NGPS´ers continuamos. E no
encontro imediato com a subida da Ribeira Sampaio, que a fizemos
maioritariamente à mão, a empurrar a nossa cabra, sentia que estava a fazer
BTT. Não é necessário fazer tudo em estradões…
Chegava à N213 e foi onde vi mais BTTistas no percurso,
estavam no café ou a cortar para Chaves. 45km feitos e começava o rabo da
cabra, alcatrão, estradões e uns trilhos até ao ponto mais alto do percurso,
vento de frente gélido, as mãos começavam a perder a sensibilidade e eu pensava
nos que já tinham desistido e noutros de banho tomado.
Não avistava nenhum NGPS´er, no topo tentei abrigar-me da
chuva e do vento enquanto reponha energia e pensava num chá que um amigo
costuma trazer nestes dias de frio na mochila, pensei e até senti o sabor da
memória enquanto comia o mais rápido que conseguia.
A descida em estradão, preso pelo vento de frente, era
difícil ganhar velocidade e só quando voltava a inclinar o estradão é que o
vento não era tão forte, aí aproveitava para fazer uma corrida ao lado da bike
para manter-me quente. As palmas tb ajudavam e fazer dos punhos um piano ao som
do vento branco… dasseeeee.
Avistavas Chaves ao longe mas cada vez te afastavas mais, e
o frio ou o desespero ia aumentando, foram cerca de 10km do C”#$%&. Foi uma
bela pancada no corpo e no cérebro.
Quando cheguei a Peto de Lagarelhos (escassos metros da
aldeia de Lagarelhos) encontrei uma vivalma do NGPS, finalmente luz. Em
conversa, tb sofreu bem com o frio e o vento.
É mais fácil ver uma roda de bike à frente ou saber que vem
uma roda atrás de ti, e até a navegação é mais rápida. Fizemos os últimos 15km
juntos, mas o vento e o frio já não se faziam notar tanto.
Foi um bom passeio com tudo a que temos direito no btt,
prazer, conhecimento, superação, paisagens, sofrimento e companheirismo
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