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80km com 2600+ de acumulado, era a ementa dos Amigos da
Montanha para este passeio. Não havia muitas inscrições, não sei se por falta
de divulgação ou pela pancada que poderia ser.
Do meu grupo ou conhecidos nem cheiro deles, fui só para não
jurar em falso e ver o que estes trilhos e paisagem me diziam.
Usei o gps do carro (telm) para chegar ao secretariado, este
mandava-me pela serra usando a 1ª e 2ª mudança sempre a subir, já pensava no
acumulado, as paisagens fantásticas de tirar o fôlego ao meu clássico cansado.
Não havendo mais nada para subir, continuava devagar, a contemplar a paisagem
quando um pequeno corço atravessa à minha frente uns 5m, aos saltos em fuga.
Tudo indicava que ia gostar do passeio.
Como vem sendo hábito, fui dos primeiros a chegar ao
secretariado, só lá estavam dois colegas, a organização ainda não tinha
chegado. Começo na preparação da bike e nas provisões alimentares para o
empeno.
Quando levanto o dorsal, e o coloco na bike já preparado
para arrancar, um som de avaria deixava-me de ouvidos em riste. Um som bastante
estranho vem da roda traseira, desmonto, e como bom mecânico que sou… abro o
capô, vejo o óleo, mãos na cinta, espreito para dentro com ar entendido, e… que
c”#$%& faço? Vou embora ou aperto uns parafusos e desaperto outros. Lá
tentei ver se era das pastilhas, dos bombitos, levantava a roda dando
velocidade e esta praticamente abrandava e parava rapidamente. Desaperto o
conjunto dos bombitos e centro ao disco, ficou um pouco melhor depois de ter
mexido e 40 minutos depois lá arranquei. Quando travava a descer ficava tudo na
mesma, e com o andar ia desaparecendo o barulho!...
Começava o passeio, em alcatrão ascendente com uma paisagem
com um verde muito intenso, como se esta tivesse um filtro. Quando entrei nos
trilhos, alguma dificuldade de navegação, fiquei um pouco incrédulo quando
havia três opções de direção acertada de trilho. Depois de tentar uma primeira
opção, errada, vejo que a certa era pouco limpa e clicável, pedalando em cima
de um ribeiro. Sentia-me feliz pq o percurso tb ia ter a sua dificuldade
técnica e não só física. Para começar estava bem bom. 😊
Enquanto estava armado em mecânico, ainda vi colegas a
partir e outros a chegar. No início em alcatrão, passaram dois por mim. Pelo km
10 ouço o Carlos Baltazar a anunciar a sua chegada, conversamos um pouco sobre
o percurso, tinha sido ele a idealizar, e ao qual ele me avisava para me guardar
para a 2º parte, ia ser bem durinho em acumulado.
Poucos km à frente, nas eólicas, 3 colegas de Santo Tirso
parados. Um deixou cair o GPS e este dividiu-se em dois, perdendo a parte mais
importante. Ajudamos na procura, mas infrutífera e arrancamos. Eles ficaram
mais algum tempo.
Ao chegar a Paredes de Coura, o Carlos aumenta o ritmo e vai
tomar o pequeno-almoço, eu aproveito para atestar o pneu da frente para acabar
o trabalho do furo que tinha tido uns km antes.
Dois colegas de Oliveira do Hospital estavam a pedalar no
mesmo ritmo que eu, e de Paredes de Coura até aos 50km, fui na companhia deles.
O Carlos depois do pequeno almoço fez-nos companhia em alguns km e depois tomou
Red Bull e ganhou asas 😉.
Os km do meio não tiveram grande interesse, tanto em trilhos
como em termos paisagísticos.
Com 50km, começava a trepadeira, os colegas de Oliveira iam
desaparecendo curva a curva. Olhando para trás via outro colega a começar a
subir, mas logo passava por mim. As inclinações estavam bem acentuadas e para
ajudar, o vento tb queria dificultar a vida. O Sol não deixava esconder-te
debaixo de alguma sombra, não existiam. Ao chegar ao miradouro com vista para a
A3, olhava para os três colegas que iam à frente a trepar num estradão nu
interminável. Mas está lá e é para se fazer, siga…
A semana passada no NGPS de Ponte de Lima já tinha feito
parte da Serra da Labruja, os trilhos eram os mesmos ou passava muito perto, já
não era novidade e estavam bem presentes, mas eram frescos e isso sabia muito
bem.
Parei um pouco para arrefecer o motor e alimentar bem, não
tinha ideia de descida nenhuma, só sentia o corpo a subir, tipo “sobe, sobe,
balão sobe” e continuava up.
A água começava a faltar, os estradões gastaram muito aos
cem. E antes de começar a subir para o Corno do Bico tinha de arranjar água.
1km antes de começar a subir atestei água num tanque e voltei a comer umas
barras milagrosas para ajudar na subida.
No começo da subida ao Corno do Bico, mais uns berros, era o
Miguel Martins, tinha sido inscrito com um nome menos usual por ele. E as
barras energéticas tb não davam para o rimo dele, nem me lembro bem da subida,
mas foi rápida ou doeu tanto que o meu cérebro escondeu da memória.
Depois foi sempre a descer, 9km. Chegamos ao topo com 75km,
e acabamos com 85km e 2300+ de acumulado. A descida em estradão, pelo meio da
paisagem protegida do Corno do Bico, uma descida simples e bonita, com árvores
de grande porte e algumas janelas de altitude para as vizinhanças.
Quando chegamos ao fim tínhamos um lanche para retemperar o
estômago e cortar o sabor das barras empacotadas…
O início prometeu bastante, e os trilhos ficaram-se pelo 1º
terço do percurso, para depois só contabilizar a paisagem.
ps: fotos em parceria com Miguel Martins
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