Depois de ver o acumulado e km para o NGPS de Ponte de Lima,
dava para tentar comer o sarrabulho na Cindinha antes da cozinha fechar. Mas
hoje era dia de degustação da carne minhota e teríamos que optar.
Fomos dos primeiros a arrancar, PedroS e o Rocha (elétrico).
Com Ponte de Lima ainda a acordar fazíamos os primeiros kms na margem do Rio
Lima, passando pelo parque de Bertiandos com arrepios de frio, o sol quase que
não consegue entrar na densa vegetação para sentir o calor da manhã.
Tinha-mos a esperança que as brasas pelo km 7 já tivessem
com alguma gordura caída da carne suculenta (imaginava eu), já sentia um espaço
na barriga.
No meio do campo, um acampamento, com vacas na pastorícia, e
um pequeno e ténue tubo de fumo via-nos chegar. As pessoas que lá estavam
abanavam ferozmente as mãos a chamarem-nos com medo que não entrássemos na
festa da carne.
Alguns bttistas já tinham passado e não tinham parado,
outros que vinham atrás de nós tb seguiram em frente, nós os dois provamos e
comemos por eles. O Rocha (elétrico) não resistiu à pergunta se tb queríamos
vinho, eu fui atrás, mas bebi menos (eu não estava em modo elétrico) e a carne
deixou logo vincado que o sarrabulho ia ficar para outro dia.
Em direção à Serra de Arga/Santa Justa o Rocha (elétrico),
ia dizendo: “que ia a falar sozinho, olhava para trás e já não me via, nem
sequer estou a suar, hoje não estás a andar nada, se tu não viesses já tinha
chegado ao topo, etc & tal…” e eu… que remédio… ia apreciando a paisagem…
com a língua de fora.
Subida em estradão com boas vistas, quando chegamos ao topo,
descer a pedalar bem prá média em estradão. Entramos no Bike Park de Ponte de
Lima e ainda deu a ideia que o track seguisse por um dos diversos trilhos que
íamos admirando de cima do estradão.
A roulotte esperava-nos com porco a rodar no espeto, ainda
era cedo para comer, e não tínhamos fome. Paramos para conversar com o pessoal
que lá estava e arrancamos.
Começava o serrote nas pernas, dos 25km aos 55km foi sempre
a cortar nelas.
Se a média estava alta para o nosso costume, os estradões
ajudaram bastante a comer kms, os verdadeiros trilhos e dificuldades começaram
pelo km 40. O calor tb estava numa boa média.
O Rocha (elétrico) nas subidas desaparecia, deixando um
rasto de pó, estava numa forma invejável. E eu a sentir as pernas mais pesadas,
a paisagem atenuava as dores e a ver outros colegas no começo da subida ficava
mais leve, eles ainda tinham de trepar até onde eu já tinha chegado.
Chegava ao ponto mais alto do percurso. O Rocha (elétrico)
não estava lá, esperava que não tivesse escolhido o trilho errado. Parei,
descansei enquanto via as vistas e carregava alguns alimentos para o estômago.
Com poucos metros de descida encontrava o Rocha à sombra com
medo que a energia não desse para o final, a sorte dele é que levei baterias
suplentes para a GoPro e para o GPS e o acumulado estava a ficar preenchido.
Uma boa descida em trialeira até desaguarmos no estradão que
nos levava até à aldeia da Vacariça. Para depois voltar a subir, seria a última
mas F”#$%... já estava a ficar todo mamado e o calor já me cozia os miolos. A
imagem dessa subida era o som do suor a bater no quadro. E o Rocha (o elétrico)
nem cheiro…
Quando cheguei ao reforço no topo de um miradouro, o Rocha
(elétrico) descansadinho e satisfeito, já tinha provado os néctares dos deuses,
água ardente com café, água ardente de ervas e água ardente velha. Tb provei,
bebi e gostei bastante. Tb tinha comida, mas não me lembro o quê, e se comi 😉.
Agora sim, 13km, sempre ou praticamente a descer, as
baterias que emprestei ao Rocha (elétrico) já não precisava delas. Começamos
bem com ST complicado e depois foi sempre a ganhar velocidade. As mãos, pulsos
e antebraços levaram uma valente coça, o Rocha (elétrico) não tinha auxiliar
acima dos 25km/h e aí eu carregava bem para ver se ele ao menos a descer
transpirava.
A parte final do percurso passava nos Caminhos de Santiago
em sentido contrário, e com alguns peregrinos nos trilhos a atenção era a
dobrar. Com o cheiro a Ponte de Lima cada vez mais próximo, o Rocha (elétrico)
já podia serrar punho a todo o gás 😁.
No fim à nossa espera estava um caldo verde com tora, mas já
sabíamos qual o restaurante que servia uma carne semelhante, tomar banho e
correr para lá (de carro, ficava perto da Carolina Herrera).
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