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As férias em São Miguel estavam marcadas há algum tempo,
faltava só escolher o dia para poder percorrer alguns trilhos de bike na ilha.
Ao pesquisar na Internet alguma atividade de bike a gosto e
fazer alguns trilhos que entusiasmassem não estava a ser fácil. Parecia que não
ia ter sorte, não estava a encontrar nada que me pusesse os olhos a rir. Só
encontrava percursos/atividades de brincar ao btt.
Quando cheguei ao destino de férias e em conversa com o
proprietário da habitação fiquei a saber que o filho praticava btt, um contacto
salta prá mesa, fixe. Alguém que pratica btt pode dar uma ajuda para o que
pretendo. Ele enviou um SMS com o contacto.
Contacto* o Lourenço** para agendar o dia, as perguntas
feitas por ele levam ao tipo de trilho a escolher. Paisagens, subidas,
descidas, acumulado positivo e negativo com partes técnicas a subir e a descer
com km que pudesse dizer que fiz btt em São Miguel, não um passeio de bicicleta
que podia ir de carro.
A domingueira começava bem cedo 7.35h, fizemos poucos km de
carro e estaciona-mos. Descarregar as bikes e preparar para subir bastante.
Via-se lá no alto o topo Lagoa do Fogo, e eu já tinha ido lá de carro, sabia
bem que teríamos de trepar bem, só não sabia a inclinação e o tipo de terreno.
A minha montada era uma TREK REMEDY de 160mm curso, enduro
pois claro e a subir, mas não desgostei da relação da transmissão.
Um acessório sempre presente na prática de btt na ilha é o
impermeável/corta vento. Não sabia muito bem como vestir para o dia, e levei
roupa a mais. Calor tropical, chuva quente, humidade no máximo e os trilhos
sempre húmidos dava para perceber que a subida ia ser bem generosa, e os
pulmões iam trabalhar bastante.
Com algumas inclinações a 20% a subir, o corpo já libertava
humidade em gota ou ribeiro. Parei para tirar uma camisola corta-vento para
respirar melhor e apreciar as vistas. Ao longe via o ilhéu de Vila Franca do
Campo
O percurso em trilho e alguns ST estavam espetaculares, não
conseguia pôr a bike a rolar mais rápido, estava a apreciar as vistas e a
inclinação tb era generosa. Perdia-me com as estonteantes paisagens. Ao longe via
o mar e em qualquer curva via-o a espreitar, ou via-o por entre a vegetação.
Nas zonas mais fechadas da vegetação, ficava estupefacto com a quantidade e
diversidade de flora para apreciar. Passava por algumas pontes e umas ravinas
sem fundo, tipo buraco negro sem saber quando acabava.
Estava a pedalar num jardim botânico enorme e de uma beleza
ímpar, queria apreciar tudo, tipo Parque Terra Nostra, era tudo bem diferente
do que estava habituado, de uma formosura singular onde só te apetece apreciar
e… continuar a apreciar…
As subidas continuavam… mas com algumas descidas para sentir
o vento e arrefecer um pouco o corpo, a água que levava parecia que não ia
chegar, mas o Lourenço dizia para não me preocupar que havia muita água pelo
caminho.
E claro… o trilho passava por levadas bem bonitas e
estreitas, os cheiros tb iam mudando. Os cinco sentidos estavam regalados de
satisfação, claro que o tato pertencia à bike e o paladar ficava-se pela água,
mas os outros estavam satisfeitíssimos.
A subida mais “técnica” em trilho com pedras soltas leva-nos
ao sopé da Lagoa do Fogo, e a vista é deslumbrante. Não obstante o nevoeiro e o
vento, a perspetiva da lagoa estava lá na sua selvagem imponência. O sol trazia
mais cor, mas só de pensar que estava lá… e há uns dias atrás estava do alto a
ver o trilho que estava agora a fazer de bike… deixava-me com uma enorme
satisfação.
O Lourenço informava que íamos começar a descer, uns 2,5km.
As campainhas de excitação começam a ouvir-se, e larga-se os travões como se
estivesse atracado ao ponto mais alto do percurso.
A descida em semi-estradão, com lombas de desvio de água das
chuvas deixaram-me um pouco dececionado, estava a pensar numa descida mais ao
estilo da bike montada.
Deu para a soltar um pouco nas lombas e as curvas contras
curvas, deixavam sair algum entusiasmo. Aproveitava a descida para absorver a
natureza que rodeava a inclinação.
A descida levou-nos de enxurrada até ao mar, uns km em
alcatrão na marginal até voltarmos a entrar nos trilhos e estradões que nos
levaram até ao carro.
Fiquei deslumbrado pela beleza dos trilhos, não estava à
espera de encontrar trilhos que me fizessem rodar a cabeça e os olhos tantas
vezes por segundo. Brutal.
A humidade lá é poderosa e as inclinações tb 😏.
A principal descida é que ficou um pouco aquém. Se calhar
foi por estar montado numa bike de enduro e pensar que iria fazer algo do tipo.
Mas foi uma descida agradável.
**Como tive muitas dificuldades em arranjar um tipo de passeio
ao meu gosto, deixo aqui o contacto do Lourenço.
Além de aluguer de bike ele tb tem um “hotel” bike friendly.
Podem levar a vossa bike ou alugar lá o que quiserem, informem-se que ele tem
uma vasta oferta.
* geral@azoresgreenbike.pt
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