domingo, 2 de julho de 2023

02 de julho 2023 dia 2 Vimioso

 

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A Albergaria Vileira não tinha serviço de pequeno almoço à hora que nós pretendíamos, sete da matina. O patrão resolveu o assunto e ligou na véspera para o café madrugador de Vimioso para nos fornecer o pequeno almoço que ele pagava. E assim foi.

8.00h já pedalávamos pelo trilho que eu e o Rocha não tivemos “vontade” de fazer no dia anterior. Ficavam agora os 2km feitos. Check!

De Vimioso à aldeia de Carção, 6,5km, o trilho era igual ao do dia anterior, mas em sentido contrário, a descida de ontem hoje era a subir, não eram 8:30h o som do metrónomo da subida eram os pingos de suor a bater no quadro. Ia ser um beeeelo dia…

Em Carção a boia de aviso de falta de água já acendia num dos tabliers, aproveitou-se para ajustar água até à borda do cantil.

A caminho da Vila de Argozelo, num topo, conseguíamos ver mais um vale sobre o Rio Maçãs. Uma escarpa aos nossos pés, o rio lá em baixo, uma azinheira convidava-nos para baixo da sua copa protegendo-nos do sol que já estava abrasador e assim podermos contemplar as belas paisagens.

Entramos pelo sul de Argozelo, demos uma pequena espreitada à Vila e seguimos de volta aos trilhos, um pouco de alcatrão a descer 66km/h e voltar a entrar outra vez no trilho, íamos atirar a bike para mais um buraco, e não sabíamos ao certo se o buraco iria ter saída.

A ponte dos mineiros sobre o Rio Sabor, era uma ponte de cordas, e a conservação desta poderia não estar grande coisa e teríamos de voltar para trás. Felizmente não aconteceu. Dava para atravessar de bike com a roda da frente levantada e rodando o guiador quando passávamos as cordas que sustentavam a ponte. Esta ia abanando à passagem. Um a um com a sua bike e não exceder o peso. Uma bela engenharia.

Já a subida… a paisagem sobre o rio, e os antigos edifícios destinados à mineração iam-nos distraindo das dores de pernas.

A inclinação já acentuada e a vegetação alta por onde trilhávamos por falta de uso dificultavam bastante a progressão… não sei se já falei do calor… mas este vale estava bem quente, até o simples respirar ar quente não ajudava a subir. 2km e 200m+ no trilho e depois mais alguns em alcatrão até chegar à aldeia de Coelhoso.

Na aldeia não queria água da fonte, esta já vinha morna. Entrei num café e tive sorte que apanhei uma garrafa de 1,5l meia congelada que coube toda dentro do camelbak, com ajuda de uma faca consegui meter metade de água outra metade de gelo no cantil, o Sr do café encheu com gelo e adicionou mais água gelada. Que P”#$%v de calor que estava, pelo menos durante uma hora não ia beber chá quente.

Eram horas de parar e encher bem a barriga para continuarmos a ser fustigados nos trilhos, não descorando a hidratação, estava difícil era arranjar uma sombra onde coubéssemos os quatro. Não foi fácil nos primeiros kms, a barriga mandava parar e não havia sombras. Mas num pequeno carvalho deu para almoçar todos juntinhos por causa do frio…


A descida até à ponte medieval de Grijó de Parada, foi uma bela descida por estradão, com algumas lombas onde podíamos fazer o Super Homem, foram 4km muito rápidos.


Começamos mais uma penitência, 46 minutos para subir 3,2km… que p”#$% men… cheguei ao topo nem apanhava rede…

O track não entrava na aldeia de Outeiro, os nossos reservatórios de água estavam muito leves, e lá fomos visitar a aldeia para ver se encontrávamos um café. Estava difícil encontrar alguém para nos indicar o que quer que fosse.

Chegava um sujeito de carro e estacionava, abordamos o Sr e ele indicou-nos ao lado da junta de freguesia que devia estar alguém lá dentro. E assim foi, encontramos alguns nativos, mas água fresca nada, aproveitamos o que havia e siga. A cada 20km desapareciam 2,5l de água. Já falei por algum acaso que estava um c&%$#” de um calor?

O Santuário Do São Bartolomeu fornecia-nos uma bela vista, e conseguíamos ver os trilhos calcados da manhã o mais perto passava a 300m


Argozelo, agora entravamos pelo norte da aldeia, e mais um afundanço para ver a Ponte Gótica. A subida deste buraco não foi de ferrar no avanço da bike e foi gradual, mas os km do dia anterior mais os de hoje já estavam a pesar e anunciava-se homem da marreta.

58km chegávamos à Aldeia de Pinelo, um tanque com água a correr… não mostrávamos felicidade por tão grande dádiva, em silencio banhávamos o corpo, refrescávamos a cabeça, humedecíamos os lábios para depois tentar o afogamento. Pelos poros da pele já se via que a água já tinha chegado a todas as extremidades do meu corpo, faltava encher os depósitos. Ansiava por uma cerveja fresquinha mas não era boa ideia, só quando faltassem menos km.

Trespassamos pelo meio a Aldeia de Vale de Frades e circundávamos a Aldeia de Serapicos, o trilho entrava na margem Rio Angueira, muito mais fresco e com sombras, a energia parecia que tinha ressuscitado.


São Joanico era a última aldeia antes de Vimioso, tb tinha uma ponte, atravessamos para o outro lado para ver as vistas, o track não passava por lá, foi mesmo atravessar a “ponte é uma passagem, prá outra margem”.

Um colega bttista passava por nós em cima da ponte, depois voltava a passar freneticamente, e nós a tirar fotos à ponte, devia estar a fazer series de 300m.

Avistamos um café e fomos emborcar umas cervejas na esplanada que estava à sombra.

Um Sr já bebia a sua cerveja com um pires de tremoços, pedimos a mesma coisa. Mas havia no ar um certo cheiro a merda calcada, levantei os pés para ver se tinha sido eu que tinha calcado, fui ver os pneus da bike e nada, pedi aos outros para ver se tinham calcado bosta e nenhum tinha calcado, começava a desconfiar do sujeito que estava na mesa ao lado, afastei-me dele e deixei que o Miguel ficasse mais perto a fazer de toldo.

O bttista continuava freneticamente a subir e descer a ponte.

As cervejas estupidamente fresquinhas lá iam goela abaixo, e o bttista lá continuava, quando veio o prato dos tremoços o cheiro a merda acentuou-se, o rasto vinha do dono do tasco, mas quando começamos a comer os tremoços sem sabor e com um cheiro estranho, é que reparamos que o cheiro a merda vinha dos tremoços. O outro continuava a fazer series e nós series de cerveja.

Depois das cervejas e das risadas e de me cansar de ver a fazer series de 300m, arrancamos junto ao Rio Angueira. A parte dura ficou para o fim, o piso irregular com muita pedra solta e buracos num sobe e desce constante a romper as pernas que já estavam pouco presas, com a cerveja a bater no lastro quase até ao esófago. Já estava arrependido de ter bebido as cervejas.

Ainda faltavam duas picadas de 100m e eu já só pensava em chegar à piscina da Albergaria.

Os outros três só os vi na última picada já em Vimioso.

81km com 2300m+ claro que o GPS do Faria deu mais e para nós esse é que conta

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