terça-feira, 29 de dezembro de 2020

29 de Dezembro 2020 Montesinho com Neve

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Terceira investida em Montesinho, na primeira vez fomos quatro bikes, na segunda vez fomos três bikes e na terceira vez fomos duas bikes. Esta matemática é uma coincidência ou talvez não. São cálculos. Haviam outras bikes mas…

PedroS e Miguel continuaram na exploração de trilhos, paisagens, fauna e flora, e esta zona de Montesinho tem sido fértil em tudo.

Como não podia deixar de ser, começamos o dia bem cedo, em direção à aldeia de Aveleda em Bragança. A aldeia ficava num valente buraco, na descida de carro víamos do outro lado da aldeia outra estrada com a mesma inclinação, já anunciava que para sair e para chegar à aldeia era preciso boas pernas. 2ºc quando paramos o carro.

O percurso começava por visitar a aldeia, aproveitávamos para fazer um aquecimento levezinho para começar a trepar. O track levava-nos até à aldeia de França, por estrada, com algum gelo, a descida foi amarrado aos travões para a bike não embalar muito. Ao longe víamos as montanhas carregadas neve, saltava-me à memória algumas voltas em que a neve nos fez companhia, muito bonita no inicio para depois só nos f”#$%&

Entre as duas aldeias colocávamos os olhos nas paisagens na companhia do rio Sabor, tínhamos sido informados que valeria a pena fazer o percurso por ali, tinham razão.

Logo ao deixarmos aldeia de França para trás, começávamos a calcar terra, e entravamos no universo J. R. R. Tolkien, não víamos Hobbits mas veados. Fiquei apaixonado por este vale, e vou querer conhece-lo noutras estações do ano. As cores que ele emanava acentuadas pela cor do sol deixava-me parado a ganhar raízes. Queria ficar ali horas a ver o sol passar por cima. O vale, que o Rio Sabor fez de sua casa, tornando-o ainda mais gracioso, deliciei-me a ver todos os pormenores que em cima de uma bike a uma velocidade reduzida me permitia absorver. Fiquei rendido à diversidade de natureza oferecida por este vale.

O trilho começava e empinar, nenhuma parede, e o vento começava a atirar a temperatura sentida para baixo, a gola já subia para manter o nariz quente, e os primeiros vestígios de neve começavam, as campainhas dos outos passeios com neve começavam a tocar.

Uma tempestade de neve aproximava-se fechando o bonito céu azul que nos vinha acompanhando. Avistávamos a aldeia de Montesinho envolta num nevão, das chaminés brotava fumo, devia estar quentinho lá dentro. Visita à aldeia, dar o nome a uma reserva natural tem de ser uma aldeia importante, quanto a isso não sei… mas era bem bonita e com tascos 😊

Voltávamos outra vez aos trilhos de terra, ou de neve. Pelo estradão acima os nossos limpa neves eram os jipes ou alguns carros que se aventuravam subida acima, mas quando começou a empinar mais só a tração integral ou de bike (malucos) é que se safavam.

O Sol acompanhava-nos subida acima e o vento dava tréguas, estava fácil estar em cima da bike a contemplar as obras de arte que a neve e o vento produziram.

Ao chegar à barragem de Serra Serrada com o vento a voltar em força, devia estar um portão aberto, a estrada por cima da barragem estava completamente gelada, a bike fugia por todos os lados, e o frio era mesmo verdadeiro, os ossos berravam de dor. Devia ser de estar tão perto da água com o vento forte a fazer ondas e a soltar mais humidade, vamos sair daqui e procurar um porto mais abrigado.

Fomos subindo, mas o vento continuava, não estava tão frio, continuava só frio…


Chegávamos a Lama Grande, um conjunto de edifícios e ruinas, a casa de abrigo ainda tinha bom aspeto exterior, outros já eram abrigos para animais que por ali pernoitavam ou se abrigavam.

Um dos nossos limpa neves tinha “ocupado” a casa de abrigo, estavam na patuscada. Conversa de circunstancia, e eles sempre a pensar que grandes malucos de bike na neve, ainda ficaram mais abismados quando lhes dissemos que íamos tentar seguir o trilho sem limpa neves pela frente. Íamos pela neve virgem sem estradão.😲

Começava a experimentação e a apalpação do terreno, e ver qual o grau de loucura. As bikes começavam a enterrar-se e a roda traseira sempre perdida. O aparecimento de água já ficava com vontade de virar o barco para trás, mas estava a dor gozo transpor esta dificuldade. Continuava a progressão como dava jeito, a pé, em cima da bike, na tentativa de pedalar, a pé, mais uma tentativa, em cima da bike, a pé mais uma tentativa, e por aí…

A neve não molhava a roupa, o frio e o vento gélido não a deixavam derreter sequer. Os pedais e as roldanas do desviador é que acumulavam gelo, e esse é que era difícil de tirar. Os cleats não entravam nos pedais, era à pancada para tentar tirar o gelo ou pedalar com os pedais congelados.

Pegadas frescas de coelhos e veados tiravam a virgindade à neve. O barulho da nossa progressão a rasgar a neve e os travões sempre a berrar de frio não nos deixavam ver os animais, só a sua existência.

Na tentativa de fazer mais um marco no canto, do cantinho, do mapa de Portugal, a chamada à razão levou-nos a ficar a uns 600m do local pretendido.  A progressão não estava a render, o vento gelado com mais uma tempestade por cima, as horas continuam a correr mais que as bikes, tomamos a decisão de abortar essa incursão, devíamos de precisar de mais uns 45 minutos.

O trilho… ou melhor, o risco que víamos no gps a uma escala de 20m era o que nos guiava, porque trilho, com nome de trilho só em sonhos. Com o peso da neve na vegetação/arbustos, estes caiam para o lado que lhes dava mais jeito, tornando a navegação um pouco anárquica.

Ainda nos faltava metade do percurso, mas ainda deu para ir visitar um marco geodésico. Mais uma subida que fizemos como deu jeito, nem se via qualquer coisa parecida com trilho, mas arranjamos uma e lá trepámos para mostrar a nossa bandeira.

Voltávamos a Lama Grande para almoçar, o jipe já tinha descido. 


Com o estômago mais quente, à custa do chá que o Miguel levou, e com mais frio no corpo começávamos a “descida”. O tempo voltava a dar uma trégua, o céu ficava azul pintado de branco com rastos cinza, o sol estava lá, mas desligado, não saía calor, pelo menos eu não sentia, estava mesmo bonito aquela hora do dia.

Já sentíamos a velocidade, finalmente, até que a neve faz de ABS e nos faz levantar o cu do selim, a bike voltava a afundar e colocava o pé num charco de água. Lá se foi o pé, ficou gelado até à chegada ao carro.

Uma descida técnica coberta de neve, era mesmo isso que precisávamos, pedras soltas, drops, regos, vegetação caída que funcionavam como catapultas de neve. Tocávamos com a roda na vegetação, esta perdia o peso da neve e elevava-se à nossa passagem, como atirando confettis de neve à nossa passagem. Tudo a que tínhamos direito. Também se fez, com calma, esta descida…

Voltávamos a entrar no estradão com vista para a barragem das Veiguinhas, e os km começavam a desaparecer. A paisagem ficava sublime, era tão bom estar ali, nem sentia o pé gelado. Qualquer foto que tirasse na direção que fosse ficava sempre um belo postal para a posteridade.

Voltávamos a reunir para ver qual ia ser o destino do track, somando as horas com luz com os km, optamos por fazer uma curva maior e subir, com outra tempestade por cima. Se o trilho estivesse carregado de neve e não o conseguíssemos subir em cima da bike, voltávamos para o estradão.

Começando a trialeira a subir, um condutor de um jipe abanava a cabeça reprovando as nossas intenções. A tempestade voltava em força, e nós pedalávamos tb em força. Chegávamos ao topo e o frio fazia-se sentir ainda mais, o vento consegue amplificar o frio aí umas muitas vezes 😰

Quando começamos a descer, a vegetação voltava a dificultar a passagem. Com os km a passar a neve ia diminuído deixando a descida mais fluida, para se tornar numa rápida descida.

Passávamos pelas aldeias de Vilarinho e Cova da Lua, esta última com uma bela parede. Aí já sentia as pernas espremidas, já começava a perder a força, foram muitas horas a pedalar com mudanças baixas num ritmo alto, estava a começar a pagar a fatura.

E como tudo que sobe… a descida por um corta fogo deve ter sido a maior e a mais inclinada que já fiz no btt. A descer fiquei com a impressão que estava a descer uma bola gigante. Os travões bem apertados e sempre a descer, a roda traseira ia batendo no rabo, e só conseguia ver uns poucos metros à frente, tive de parar usando o ABS das giestas para os travões arrefecerem.

Voltávamos ao vale do rio Sabor, o sol já não se via, uma ténue luz dele iluminava o caminho.

Já usava os punhos da bike para tocar piano para aquecer os dedos das mãos, o frio ia-se acentuado enquanto pedalávamos ao lado do rio Sabor.

Chegávamos à aldeia de França e as luzes das bikes acendiam-se para fazer uns km de alcatrão.

Ainda tínhamos uma bela subida para fazer ao luar até à aldeia da Aveleda.

Mais um belo passeio a ficar na memória, pela beleza natural de Montesinho ajudado pelo dia que se proporcionou. A neve é bem bonita e ficou bem retratada no nosso passeio mas tb é uma P”#$ que nos esgota, física e psiquicamente.

Claro que tb enquadramos umas casas dos guardas florestais nos postais.

No fim tudo passou com uma roupa quente, e quando fomos comer a posta e costeletas de borrego já só pensava na próxima.

Acabamos bem o ano com três passeios muito bons e bem distintos em Montesinho. O primeiro com bons trilhos e paisagem, o segundo sempre em montanha com fauna a superar qualquer expetativa, o terceiro com a neve como convidada improvável e um dia muito bonito.



sábado, 19 de dezembro de 2020

19 de Dezembro passeio de Natal Kedasbike

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Neste ano pandémico o nosso passeio de Natal foi assim pró sem sal, sem sexy appeal, sem maluqueiras, sem lanche e sem jantar. Faltava a animação do convívio, sem nos por a pé de madrugada e sair para bem longe do nosso quintal para andar de bike.

Não deixamos de fazer o passeio de bike mas foi perto no nosso quintal.

Optamos por ir para Sto Tirso e fazer dos montes, Padrão e Córdova nossos aliados para o passeio festivo.

Joel e Rui para ganhar tempo nas pernas optaram por ir de carro até Sto Tirso, Rocha e Faria optaram por ir de E-bike até Sto Tirso e PedroS optou por ir de analógica até Sto Tirso.


Entrando no trilho, as pernas começaram a saber para o que vinham, era um inicio trepadeira, 8km a subir, 400m+ mas durinhos, os músculos das pernas apertavam bem os ossos.

Mas depois fomos bem compensados com bons trilhos. Uma visita ao Castro do monte Padrão e depois foi descerrrrrrrr com tudo a que temos direito a gosto. Só no final do trilho era escusado ter-me “encostado” a um muro coberto de musgo com dentes.

Visitamos o Rio Leça e o seu caudal forte nesta altura do ano.


Seguiu-se uma pista de enduro muito divertida e rápida, alguns troncos caídos iam juntando o grupo, muito bom…


Com o confinamento a chegar começávamos a ter de virar o barco para casa, optamos por seguir para a  Srª da Assunção (ficava a caminho)  e tentar encontrar uns trilhos que fazíamos há alguns anos atrás. Não encontramos, mas fizemos uns tb muito interessantes.

Mais uma pista de enduro só que esta era muito “verde”, escorregadia com raizeiros salientes, não dava para controlar muito bem a bike. Mas saímos do trilho muito satisfeitos.

Foi um bom passeio de Natal pandémico, continuamos na tradição. Dentro dos possíveis 😊

sábado, 12 de dezembro de 2020

12 de Dezembro 2020 Rio de Onor

 

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Segunda etapa em Montesinho. O ponto nevrálgico escolhido foi a aldeia de Rio de Onor, em Bragança. Mais uma bela e fria madrugada para andar de bike. Perspetivava-se um bom dia para curtir a natureza.

Rocha, PedroS e Miguel foram recebidos na chegada à aldeia por um canídeo muito festivo, sedento de mimos e brincadeira, que nos foi apresentando a aldeia como um verdadeiro cicerone.

A aldeia já está a precisar de uma intervenção urbanística, com muitos edifícios degradados, contudo um bom sitio a visitar, mais a sua envolvência.

 Começávamos a calcar os primeiros metros de terra em subida, um aquecimento violento para os meus músculos ainda a acordar, com a temperatura sentida poucos graus acima do 0, o Rio de Onor ainda ajudava o termómetro a descer.

1,5km a subir e a civilização deixava de existir, para dar azo à natureza no seu expoente singular, nada de vestígios civilizacionais. A demonstrar isto, dois veados confundidos inicialmente com cavalos, trotavam à nossa frente. Nós incrédulos, com os poucos km feitos em cima da bike já víamos a natureza rebentar.


5km feitos, já estávamos armados em castores, encontrar madeira/pedras e fazer uma ponte/barragem para fazermos uma travessia do ribeiro. Não estava fácil, o Rocha ficava numa ponta a segurar o tronco para dar equilíbrio, os outros, em cima de tufos de vegetação que se seguravam em pedras, tentavam levar as bikes para o outro lado da margem. O Rocha ia-se divertindo a empurrar o tronco ao longo da margem, deixando-nos pendurados com o rabo e costas quase encostados à água, tipo limbo.

Após a travessia uma parede a transpor, os km estavam muitos lentos e com ajudas destas… o dia ia ser longo.

Após a subida da parede, mais três veados, estávamos deliciados com a elevada quantidade de encontros com este tipo de animais.

Esticamos uns metros e fomos ver a fronteira e as vistas, continuávamos a falar português .

Na descida avistava mais uns quantos veados a correr entre pinheiros na mesma direção que o track nos levava. Nem 10km, e já precisava dos dedos dos pés para contar veados.

Entrávamos num trilho mais fechado, com pouco uso, devia ser um habitat de perdizes. Com a nossa aproximação um bando delas levantava, ou melhor, eram tiros ensurdecedores como o barulho dos rotores de um helicóptero a passarem à nossa volta. Ao admirarmos o voo delas voltamos a ver mais uns veados que se precipitavam vale abaixo. Estes deram para apreciar alguns minutos. Ficavam no fundo do vale a olhar para cima, para depois voltar a subir a outra encosta. Que dia, só víamos montanha e animais, que geralmente avistamos um, nem quando o rei faz anos. À frente, mesmo a 30m de distância, outra manada subia o vale na nossa encosta. O Rocha dizia que já sentia falta de ver um cão, tal a quantidade de veados que encontramos em 10km.

                                   

 Voltávamos a encontrar outra travessia de um ribeiro, este com uma corrente com mais poder, andamos a pesquisar onde podíamos fazer a travessia, e usar os nossos conhecimentos transmitidos pelos castores, mas com escarpas do outro lado e vegetação serrada optamos por ir… o Rocha tentou ir de bike, mas encharcou até aos joelhos, o Miguel tb tentou uns metros, desistiu e fez como o PedroS, tirar as botas arregaçar o mais possível as calças e esperar que corra bem. No fim da travessia espremer as calças, secar bem os pés.

Aproveitávamos para comer um pouco de energia, estava um calorzinho bom e a temperatura da água não estava demasiado fria. Mas tínhamos de dar aos cranques que o relógio nesta altura do ano anda muito rápido.

Casas dos guardas florestais, quando andamos com o Miguel, elas têm de ser caçadas, e fomos apanhando algumas.

Também apanhámos algumas travessias, íamos para a terceira, mas esta corrente era demasiado forte para pôr os pés ou as bikes. Voltávamos a vestir a pele de castor e procurávamos uma alternativa para atravessar. O leito do rio era largo, e em algumas zonas com corrente forte. Depois de diversas tentativas pela escolha de um sacrificado, optamos por arrastar um tronco de 8m, levantá-lo e tentar que ele chegasse ao outro lado da margem sem se afundar. Só faltava equilibrar em cima do tronco com a bike às costas e tentar não cair à água, se isso acontecesse, só parávamos na próxima barragem, tal a força da corrente.


Tentativa bem sucedida, mas as bikes elétricas são pesadas como umas burras F”#$%&.

O percurso era basicamente em estradões, corta fogos (estes com inclinações do c”#$%&) mas estava a valer pela quantidade de animais avistados e pela paisagem (estou a repetir-me?), essa que contemplas, admiras, e te faz apaixonar e te vicia, “é disto que o meu povo gosta irmão”.

Algumas zonas do percurso tb passavam com vegetação mais fechada e em floresta mais densa, aí apanhamos o susto do dia, um veado macho atravessa o trilho a correr, uns 10m à frente da bike. Agora já só olhávamos para os lados, ninguém queria ir à frente nem pendurado nas hastes de um veado monte baixo. Estes deixavam um cheiro a rasto de bicho durante uns bons metros.

Voltava a aparecer um rio no caminho, já ligávamos o periscópio e os dentes de castor já reluziam. Para nosso espanto tinha uma ponte, o que nos deixou tristes. Tivemos quase a não passar por cima dela e fazer a travessia do Rio de Onor by the books, já que com o know how do dia para nós ia ser “pinets”


40km depois de sairmos de Rio de Onor encontrávamos outra povoação, Aldeia de Guadramil, uma visita, e mais um “recuerdo” de uma casa do guarda florestal. Ao sair da aldeia uma raposa atravessa a estrada, “prontos”, as preces do Rocha por um canídeo foram atendidas.

Os km estavam mais rápidos, ou o relógio estava com pressa. Já íamos contabilizando quantas horas do dia ainda tínhamos, (mais uns veados atravessavam o corta fogo) 5 km a subir mesmo no limite entre Portugal e Espanha, a contar mecos, claro que alguns 4km foram ao engano, mas queríamos ver as vistas e ir ao topo, àquele topozinho encostado lá em cima onde poucos lá chegaram, e depois… depois voltamos para trás e continuamos no track… que bom… é só pedalar e a bike vai, se não for assim levas a bike às costas.

Depois de ver as vistas, e ver outra vez as vistas, e sentir o frio e entrar nos ossos, pedalar o mais rápido para voltar aquecer, e tentar não levar com muito orvalho noturno no corpo.

Chegávamos a Rio de Onor já a iluminação da vila nos dava as boas noites, mudamos rapidamente de roupa e fomos levantar o nosso reforço a um restaurante, nesta altura take away. Uma sopa bem quente, um prego e uma alheira, este menu foi comido num parque infantil de noite, em cima de mesas e bancos de granito, ainda tenho o CU gelado. A sopa, a primeira colher ainda estava quente, a terceira já doía os dentes de tão fria, um belo convívio ao relento…

Mas que belo passeio…


sexta-feira, 20 de novembro de 2020

20 de novembro 2020 Três Reinos

  

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Que saudades tinha de ver o sol nascer dentro de um carro em andamento, com o cheiro a bike na mala.

Tem sido um ano assim pró esquisito, onde quase não vês ninguém que costumas encontrar a derreter transmissões.

Saía eu do trabalho quando tropecei no Miguel Martins no passeio, uma conversa sobre trilhos para Trás-os-Montes deu o mote para nos juntar. Arranjamos o dia para matar saudades destas viagens de prazer de btt aliado ao turismo e conhecimento.

O trilho escolhido foi pela vertente Histórica dos Três Reinos, mas o gps ia carregado com quatro tracks, íamos seguir o road-book que o Miguel idealizou. Era entrar num track e sair, cortar e coser, juntar outro e olhar para o relógio e pernas para ver por qual track iríamos seguir.

Estavamos só os dois na calha para o passeio, mas hoje em dia há muita gente a tropeçar, o Luís Martins tropeçou no Miguel e o Rocha tropeçou em mim. Dobramos a capacidade.


Em direção a Mezquita em Espanha, onde a equipa ia largar a transportadora de bikes.

O dia estava mesmo a acordar, o sol ainda estava debaixo dos cobertores, estava quentinho e não se queria levantar, deixando-nos com o pingo no nariz. Que frioooo, máxima de 11ºc.

O Luís, precavido (como anda nisto há muitos anos) trás o bidon vazio, sem uma única gota de água, andamos à procura de fontes secas, e fontes secas, deviam estar congeladas. De nenhuma saia uma gota de água, ele estava com sorte e ao sair da vila encontrou uma com água.

Nem dois km feitos já começávamos a enterrar a bike até meio das rodas na lama. Começava bem, molhar os pés era praticamente fatal. Com alguma ginástica lá conseguimos safar-nos com pouca água/lama nas botas.

Estava um belo e frio dia de outono, esta altura do ano tb sabe bem fugir para estas zonas para ver esta estação na sua imponência máxima.

Os km ainda não tinha dois dígitos e o Miguel já tinha uma avaria de arregalar bem os olhos. O cranque desengatou do centro pedaleiro, ficou a pedalar só com um. Tentamos arranjar e uns km à frente voltava a sair. O Rocha lá apertou com os Newton suficientes, de 4,6 de força Newton.

Aguentou mais tempo e mais km..

A nossa visita histórica ficava nos primeiros km do percurso, o Penedo dos Três Reinos  

 Entravamos em Moimenta para fazer um trilho pedestre em calçada de 8/9km. Decidimos fazer a descida pela calçada, a subida seria uma grande parte à mão. Mesmo assim, o Luís fez jus ao nosso grupo e Keda. Calçada molhada e pintada de verde a descer, a probabilidade de keda é grande. O Miguel voltava a ter problemas na bike, a trepidação soltava a válvula. Estava em dia sim. Entravamos na zona da descida sem água com um fenomenal tapete de outono a cobrir a calçada dando mais aderencia à bike (achava eu) escondendo alguns buracos mais traiçoeiros provocando alguns calafrios.

Viemos desaguar à bela ponte medieval do Couço sobre o rio Tuela. O Luís trazia mais uma medalha keda. Paramos para desfrutar das vistas e contemplar. Os tons castanho, laranja, verde e penedo que nos circundavam, aliados ao cantar do rio deixava-nos pregados o olhar em cada cor. Com pena deixava este belo canto medieval já com saudades, para começar aquecer as pernas numa subida/escalada sempre com o ritmo cardíaco a sair pela boca nem era necessário olhar para o gps para ver que estava sempre no limite ou acima, mas sempre a tentar subir em cima da bike, não era fácil. Mas tb não seria fácil subir a calçada molhada em cima da bike. Acho que fizemos a melhor escolha.

Deu um certo prazer subir este trilho que espero um dia o descer 😁. Cheguei ao miradouro todo rotinho, não era o único, até o Rocha dava mostra que não veio confortável na sua E-bike


No miradouro com vista para Moimenta e Vale do Tuela, com o vento a elevar-nos transformávamo-nos em aves de rapina e comtemplávamos as vistas do topo daquele mundo.

A descida até Moimenta foi um género de corta mato, cada um escolhia o trilho que mais lhe interessava tal a incapacidade de encontrar um trilho marcado no chão. O Luís encontrava mais uma medalha keda. Já pode vir para o nosso grupo, tem todas as aptidões para vir para os  KEDASbike.

Antes de fazermos este trilho pedonal, tínhamos encomendado um belo repasto no tasco do Sr Amadeu. Quando chegamos tinha tudo pronto, serviu-nos o vinagre sem as batatas e sem o azeite, perguntamos pelo vinho ele disse que já estava na mesa… dasse com c”#$% que vinho fraco… trocamos de galheteiro e o presunto, chourição, pão e as azeitonas já sabiam melhor.

Um engano para a pancada que seria a subida ao alto da Serra da Coroa, já lá tinha estado no NGPS de Vinhais todo mamadinho.

A subida gradual deixava outra vez o Miguel pendurado com um só cranque, o Rocha aumentava a força Newton para 7,2 durou o resto do passeio.

No alto o frio vinha em forma de facas, protegíamo-nos encostados ao marco geodésico, e carregávamos o estômago de energia.

A descida em estradão aumentava rapidamente os km e o frio, já me arrependia de ter deixado o impermeável mais resistente no carro.

Uns sinais de lembrança voltavam ao NGPS de Vinhais, já tinha estado nesta fronteira que nos voltava a levar bem perto do Penedo dos Três Reinos

Voltávamos a embrenhar pelos bosques de soutos, com muito outono pelo chão, folhas, pequenos ramos, ouriços e poucas castanhas eram calcados pelas nossas rodas dando voz ao outono, com o verde a puxar pelos castanhos. Zona muito bonita…

O Sol começava a ficar cansado, estávamos com uma hora e pouco de luz solar. Estávamos em Chaguazoso tínhamos duas opções, continuar no trilho +22km ou cortar para o carro +6k. Decidimos continuar com o Luís a queixar-se de uma dor na anca, mas que dava para continuar.

Uns 2km à frente problemas para a bike do Rocha, desviador desintegrou-se, o melhor as roldanas do desviador desapareceram. Teve de voltar para Chaguazoso  e dali para o carro com a companhia do Luís.

Miguel e PedroS continuaram no percurso e os km estavam a render. Pelo meio de pinhal com algumas zonas rápidas, outras de trilho com pouco uso onde o sol nesta altura do ano nem toca no chão, o frio já ia anestesiando os meus joelhos. Atravessar um ribeiro/rio com uma ponte semidesfeita ajudava a dar um salto nos minutos perdidos com a subida de um corta-fogo a tirar o ar.

O sol já tinha caído quando chegamos ao topo, a lua e as estrelas já estavam a observa-nos, com as pupilas dilatadas para vermos melhor e com o sonar ligado carregávamos freneticamente nos cranques para acabar o mais rápido possível. Não sabia quantos km faltavam e já não se via nada. O Miguel levava luzes dianteiras o que ajudou nos últimos km.

Foi um dia em que pedalamos antes de ver o sol em pé e só paramos quando demos as boas noites à lua e às estrelas.

No percurso o Rocha viu um veado e PedroS um corço e diversas aves de rapina.

Foi um passeio muito bonito (a altura do ano foi bem escolhida) com trilhos de todo tipo.

No fim um bom jantar e uma visita a adega Encostas de Sonim para um dia em cheio.

sábado, 25 de julho de 2020

25 de Julho 2020 Castro Laboreiro

 

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Castro Laboreiro, já há muito que estava a apontar para conhecer os trilhos à volta da aldeia, uma volta grande com muito pedra para ver e transpor.

O amigo Miguel Martins foi o fornecedor do track, ele costuma fazer o percurso ao contrário do que fizemos. Andamos a pesquisar alguns trilhos para adicionar ao que o Miguel nos forneceu. Em conversa com este ficamos a saber que a GR50 andava por lá. E assim, decidimos fazer o percurso ao contrário, apanhávamos a GR50 em Castro Laboreiro com a inclinação pretendida.


Faria e Rocha com os motores das bikes a esbordar e PedroS e Hélder com óleo na corrente e nos joelhos.

Saímos de Entrimo Espanha, com uma faca para cortar o frio matinal, o sol ainda estava fraco, ressacado do aniversário de véspera.

Pelo meio de pinhais com um trilho prometedor, num sobe e desce mais acentuado na subida, com algumas picadas pelo meio, o cheiro a pinho húmido acompanhava-nos no início da subida.

Mudávamos de vegetação, do pinhal para zona despida de árvores, com arbustos na sua predominância. Uma manada de cavalos com os seus potros pastavam à nossa frente no trilho. Os adultos afastavam-se do trilho e os potros ficavam a convidar-nos para uma corrida, ainda fizemos uns bons metros com eles a correr à nossa frente a relinchar, em protesto pela nossa lentidão ou por estar a interferir na sua família.

No parque de merendas enchíamos os cantis e comíamos um pouco de energia, a subida ia começar até ao planalto de Castro Laboreiro, as descidas até lá, só as que descíamos abaixo da bike para ir com ela à mão, nem os elétricos… fará os analógicos… subimos até aos 1300m.

A nossa ideia era pedalar encostados à fronteira até Castro Laboreiro e fazer um corte no percurso do Miguel (não sei se foi boa ideia) a paisagem era igual em kms, nada mudava, o que nos veio abstrair foi a E-bike do Faria acusar aquecimento do radiador. Não dava apoio e o que safou na altura é estar no planalto ligeiramente descendente, assim conseguia manter-se ligado, mas com a cabeça já a fazer contas de raiz quadrada. Como C”#$% vou chegar ao carro com 28kg debaixo do meu CU.

Na ementa do percurso estava uma visita a uma ermida, mas… com o radiador em aquecimento ficava para uma próxima.

Chegávamos a Castro Laboreiro, uma aldeia muito bonita rodeada de belas escarpas e muitos penedos, vale bem uma visita. 

Rocha, PedroS e Hélder iam de bike até ao castelo de Castro Laboreiro, ver as vistas circundantes, enquanto o Faria ficava na aldeia a chorar, a tentar arrefecer o radiador da bike (estas e-bikes ficam doentes quando sobem com muito calor).

Era um belo trilho que nos levava até às portas do castelo, mas a bike tb gosta de ir às costas do rider. Havia zonas que era mesmo preciso fazer muita força para transpor os obstáculos que iam aparecendo. Tb nos indicava as zonas que não íamos conseguir descer em cima da bike.

Por entre carvalhos e pedras e os amarelos torrados das ervas rasteiras, e muito suor conquistávamos as muralhas do castelo.

A vista era sublime, uma imensidão de mundo, intenso, de sossego e paz, ouvia-se o vento e o soluçar do Faria na aldeia. Conseguia-se avistar umas lágrimas nos olhos dele por não estar apreciar os sentidos.

Estava na hora de carregar os depósitos de adrenalina e começar a descida. As muralhas ficavam para trás e o Rocha já deslizava horizontalmente um penedo deixando um pouco de pele nesta batalha.

A descida era mais complicada que inicialmente tínhamos previsto, era um misto de loucura e adrenalina a tentar não dar dinheiro ao dentista. Uma centrifugação dos rins a sacudir a pedra neles contigua. Mas foi uma delícia.

A bike do Rocha com tanta pedra começava a perder ar pelo pneu dianteiro, já faltava um pouco de borracha e o ar ia desaparecendo, metemos um rebite de borracha com cola para ver se o ar dentro do pneu não se escapulia.

Conserto consertado e continuação de massacrar a bike e o corpo em direção ao epicentro de Castro Laboreiro, onde se encontrava o Faria com os olhos inchados de tanto chorar por não poder ir lá cima. Não lhe dissemos o quão bom foi para ele não ficar deprimido, dissemos que foi só bom.

O Rocha já queria almoçar por lá, mas ainda faltava muito trilho, e não era alcatrão. Em protesto foi beber uma mini.


Demos mais uma volta à aldeia e tomamos a direção da GR50 😊. Um trilho ao nosso gosto e satisfação. Tinha de tudo, a subir e a descer, muito exigente em termos físicos e técnicos. A paisagem é daquelas em que tu te sentas a ver a vegetação a crescer. O pneu do Rocha voltava a perder ar como os meus pulmões (o rebite ganhava folga). Pela primeira vez tive a chamada dor de burro a andar de bike, o que valeu foi o conserto do furo acompanhado com a famosa música de apoio à dança do caixão.

Voltávamos à “nossa” GR50 em formato desfiladeiro descendente, passávamos por pontes românicas e aquedutos, descida serpenteante em calçada românica com o Rocha a berrar furo, o rebite voltava a soltar-se. A bike do Hélder já rangia por todo lado. Mais uns tilhos por pinhal e chegada aos carros.

Estávamos satisfeitíssimos, olhos carregados de beleza pelo que vimos, paisagens deslumbrantes com toques românicos com história, o corpo dorido principalmente os braços e peito, parecia que tinha feito 24h de karting, as bikes tb tiveram os seus amassos. Este passeio fica nos melhores que fizemos até hoje, pois, englobava tudo.


sábado, 6 de junho de 2020

6 de Junho 2020 Rota do Fumeiro

 

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Cabreira, a Serra. É sempre com uma grande satisfação que vou para lá furar trilhos e ver as belas paisagens que por lá se enraizaram.

Rocha, PedroS, Rui e Rui (ondas) foram os bttistas presentes no passeio.


Este ano o primeiro terço do percurso começava logo pela montanha russa de emoções, com os trilhos a diversificarem a sua tipologia para de seguida uma segunda dose de adrenalina.

Pontes e mais pontes a atravessarem riachos, árvores caídas com alguma dificuldade de passagem, curtas subidas e rápidas descidas, curvas, muitas curvas e pedras, demasiadas para o Rui (ondas) que furou a sua FATbike. Não levava câmara de ar suplente porque é pesada?!!!! WF… segundo ele não havia grande coisa a fazer a não ser abandonar e nós continuarmos na curtição.  O Rui ainda tentou continuar, mas ficou no trilho à espera do Rui (ondas). Rocha e PedroS continuaram a carregar nos cranques...

 

O segundo terço do percurso era mais para esticar a corrente, mas tb tivemos diversão, principalmente para o Rocha que viu o PedroS levantar voo num trilho a fazer Slalom Gigante entre pinheiros. Depois da Keda tivemos de fazer uns ajustes no cockpit da bike e sacudir a caruma do corpo.

No topo do percurso um rompe pernas descomunal, era um ST muito bonito, mas a bike não andava, era um trilho que mastigava, mastigava e não desapareciam os km, parecia que estavas sempre no mesmo sitio, um belo sitio.

 Os telefones tocaram, os Ruis já tinham resolvido o imbróglio do furo, e queriam saber a nossa posição para nos voltarmos a encontrar. Optaram por ir um pouco em sentido contrário até nos voltar a ver.

Rocha e PedroS continuavam na senda dos trilhos gulosos, os ST voltavam e a média baixava com a exigência destes. Alguns já os conhecíamos, fazendo recordar um dos maiores stresses com animais no btt, fugíamos de um boi num ST...

O Rocha nesta fase, não há passeio que não fure uma ou mais vezes. Seguia ele entusiasmado à frente trilho abaixo e fora do percurso quando reparou que estava só acompanhado por um furo, vira o barco para cima e ainda conseguiu chegar com ar nos pulmões do pneu. Uma resolução rápida e fogo nas pernas.

Num sobe e desce já víamos os Ruis. Voltávamos os quatro aos ST com as silvas a ferrarem em todas as partes do corpo. PedroS quase que ficava atolado num pântano de excremento de vaca, umas pedras salvaram-lhe um banho à pressão.

Voltávamos os quatro ao carrocel de trilhos e pontes, ficava um dia e o dia seguinte sempre a trilhar a adrenalina que eles provocam, misturados na vegetação fazendo um cocktail perfeito.

Ainda consegui na parte final na zona da calçada, já muito disforme, partir o cabo da mudança traseira, mas com o cabo suplente o Rocha conseguiu coser as mudanças sem quase se notar alguma desafinação.

Que trilhos espetaculares, acompanhados com a morfologia do terreno, uma pitada de fauna, muita flora e as cores produzidas pelo sol e sua sombra… brutal.


domingo, 31 de maio de 2020

31 de Maio 2020 Rota dos Bifes 2019

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Um passeio organizado ao domingo, e como sempre fica curto no nosso grupo.

Cinco kedistas foram “comer” o trilho Rota dos Bifes a Taíde, Póvoa do Lanhoso. Rocha, PedroS, Rui, Joel e Hugo.

Algumas partes dos trilhos já precisavam de roçadoura, o que diminuía muito a média e encurtava as horas da manhã de domingo.

O nevoeiro esteve presente nas primeiras horas do passeio, dando uma bela atmosfera aos trilhos, apertados em ST com a vegetação a ferrar-te o mais que podia. Trilhos com a visibilidade encurtada e tapadas com vegetação encobriam alguns buracos/regos que fez o PedroS ser cuspido da bike. Sem consequências, até deu para por a música do caixão.

Uns duzentos metros à frente era o Joel a ouvir a musica, derreteu o equipamento todo numa keda, deu cabo dos cromados.


Um trilho bastante agradável encostado ao muro de uma levada, que nos levou até ao espelho de água do Ermal. É sem dúvida um belo postal, este maciço de água.

Os Kedas mais sequiosos já queriam uma mini na esplanada, e a pedido de várias famílias lá mudamos de selim para uma cadeira com uma bela vista para o Ermal. Não demoramos muito, era uma nini, e arrancamos.

Uns metros à frente paramos à espera do Joel, tinha ficado para trás e demorava. Demos a volta e fomos no seu encalce. Quando chegamos lá a roda traseira estava sem uns 10 raios e o desviador em formato sucata. Os raios foram arrancados do aro com a cabeça, uma obra de arte sem explicação.

As horas continuavam a andar e não tinham avarias. O Joel e o Hugo ficaram para trás e iam pela estrada com este a ir buscar o carro para facilitar o reboque do Joel.

Rocha, PedroS e Rui tentavam acabar o percurso de manhã, não estava fácil e a navegação tb não ajudava, A 10km do fim do passeio optávamos por abandonar e fazer o percurso mais rápido pela estrada, umas semanas depois fui fazer os belos 10km finais.


sábado, 14 de março de 2020

14 de Março 2020 EPIC Fafe, uns meses depois…



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Este passeio foi organizado para o dia 16 de Novembro de 2019, e à data não me lembro o porquê de não ter participado. Lembro-me que tinha sido um tempinho de muita chuva, semanas consecutivas enchumbar o terreno. Esse não é motivo para não andar-mos de bike.
Dois amigos do BTT que fizeram o passeio no dia, Sidónio e Luís Martins com duas perspetivas diferentes dos trilhos. O Sidónio tinha adorado os trilhos, o Luís nem por isso. Ambos diziam que havia muita lama, trilhos por cima de constelações de pedras a subir e descer, pedalar em cima de ribeiros. Trilhos duros, e com ajuda do tempo tornaram-se zonas impossíveis de andar em cima da bike.
No buraco do nosso calendário, calhou-nos um dia agradável.


 Rocha, Pedro Faria e PedroS saiam no início do confinamento do COVID 19. Já alertados, fomos um em cada carro.
O Faria com um upgrade na bike de 625w para 1125w ia sempre de punho fechado a dar gás. O Rocha com 500w sonhava com mais potência, PedroS tinha que arregaçar as meias e pedalar.
Um bom começo de trilhos na companhia do Rio Vizela, com trilhos campestres em formato de ST, açudes, ciclovia, moinhos e levadas/canais com uma visualização sempre bastante agradável por onde passávamos.
Na zona de Teibães, uma subida de ferrar no avanço, no final uns moradores ofereciam-nos um vinho do Porto. Tivemos de recusar com tristeza. Ainda era muito cedo, e o COVID foi mais forte 😢.
Com o novo kit de potência o Faria ia-se entretendo a subir por onde eu só pensaria subir a pé ou de mota, levando o Rocha a cair na tentação de tb ele usar e abusar da bateria da bike. (Mas nem metade da autonomia do Faria tinha, ia dar merd…)
Trilho muito verde, com forras de penedos e árvores. Água cantando por todo lado, fugindo por onde o caminho se prostrava. Pedras e mais pedras obrigavam-me a fazer de água e contornar o caminho mais sinuoso, mas uns belos trilhos em todos os aspetos.


Os km andavam mais rápido, um estradão em sobe e desce dava vontade de sentir o vento bater na cara, as curtas subidas eram quase retas. Os outros dois iam bem na rota do rally, não estavam equipados com motores WRC, mas a subir desapareciam num instante.
A passagem numa das casas mais conhecidas e fotografadas de Portugal, víamos as primeiras bikes do dia.


Da aldeia da Lagoa até aldeia de Aboim, km 48, um trilho espetacular que fez lembrar uns que fizemos nas aldeias históricas na Serra da Lousã. Este é dos trilhos que tem de tudo o que nosso grupo gosta. É um trilho que esgota as tuas reservas de energia, tens que pedalar e passar por todo o tipo de obstáculos que o btt te dá. Juntando água, pedras escorregadias com subidas escavadas pela água, deixando só uma rima de pedras uniformes em que tentas andar sempre em cima da bike, e quando a adrenalina chama vais buscar energia nem sabes onde, mas acabas todo derretido como a manteiga no verão.
O Rocha ficou assim de elétrica somando mais a subida até ao moinho. A bateria da bike dele tb estava a querer abandonar o passeio e foram os dois embora, para casa. No fim não houve tasco.


O Rocha abandonou aos 52km, e em boa hora, depois de estarmos os três a encher o depósito de comida e descansar um pouco. Aproveitava tb para abrandar o ritmo cardíaco.
Os primeiros metros a dois ficaram uma dureza estonteante, 650m com um ganho de 90+, praticamente o trilho todo enlameado. O equilíbrio em cima da bike já era difícil, a roda traseira sempre a derrapar e tu a compensares no limite, o Faria já tinha passado com os seus pneus puls, eu tentava seguir por cima das marcas dele… mas ele é um peso pluma e não adiantava muito seguir o trilho que ele calcava, enterrava-me na lama na mesma.
Entravamos na zona que mais me custou fazer, já todo mamado para me desenvencilhar do lamaçal, ainda levo com o estradão até ao alto do Morgair na companhia das eólicas.
Como prémio uns km à frente, uma paisagem de cortar a respiração. Os olhos pousavam nos maciços do Gerês, o Ermal saltava à vista bem com os trilhos recortados na serra. Podia ficar ali horas a contemplar aquele belo cenário silencioso, mas… o som do meu batimento cardíaco que se recusava baixar e as horas do dia a cair a pique não o deixavam. Decidimos arrepiar caminho.
Agora, pela cota que estávamos e acumulado feito, o percurso era praticamente descendente até ao fim, 20km para finalizar.
Descer tb cansa muito, e os trilhos que se seguiam eram brutais, 4km a derreter a bike e o corpo. Começávamos com trilhos rápidos com alguns sustos/surpresas pelo meio onde consegues manter uma boa adrenalina e aumentar o vício do btt. Mais à frente o trilho tem um desvio à esquerda, mas com a quantidade de informação que os teus olhos inundam o cérebro, o GPS fica para segundo plano, enfaixarmos por uma zona não recomendada com as probabilidades a não estarem a nosso favor. Era uma zona técnica, com muitas pedras soltas e de muitos tamanhos com drop à mistura que se tornou pior. Reparamos no fim que estávamos uns metros a lado do trilho por onde devíamos ter vindo.
Praticamente de seguida, entravamos noutro trilho exigente com descida mais acentuada. Este era mais fechado pela vegetação, tb carregado de pedras mas não estavam soltas, a cor esverdeada delas não davam muitas garantias, até que fomos desaguar literalmente num ribeiro que começou a fazer parte do trilho, o hovercraft tinha ficado em casa, por isso fomos de bike 😊. Uma zona tb bastante bonita.
A Chegada à barragem da Queimadela foi presenteada por mais um trilho bombástico, onde o cérebro fica em cima da mesinha de cabeceira a fazer de abajur. Trilho com aproveitamento do talude nas curvas, com pequenos saltos e de seguida aterrar no espelho de água da barragem.
Já tinha feito esta descida há uns anos, e o percurso à volta da barragem em caminhada tb.
Sabia que por onde íamos teríamos de carregar a bike às costas calçada acima, o Faria ainda conseguiu fazer uma grande parte em cima da bike mas não era fácil.
Chegados à aldeia do Pontido, outra zona muito flashada pelas suas cascatas, moinhos de água, ponte e suas casas inseridas no meio ambiente florestal.
Mais uma descida, até à praia fluvial cheia de adrenalina, mas com o corpo já a entrar em stand by. Já não tinha força para transpor uns míseros 20cm… Ufa!!! Ufa!!!
Da Barragem da Queimadela até Fafe, 7km de percurso maioritariamente por estradas secundárias, alguns trilhos entre montes e campos sem significado bttista. Mas como só estava um espectro em cima da minha bike não me importei.
Foi um belo percurso, com muita variedade de trilhos e paisagem, duro, mas no dia do passeio devia ter sido fo#$%&.

sábado, 8 de fevereiro de 2020

8 de Fevereiro 2020 NGPS Mondim de Basto

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No NGPS de Mondim de Basto estava à espera de trilhos maioritariamente em montanha, com pouca civilização.
Os Kedistas que participaram foram o Rocha, PedroS e Joel.
O Rocha e Joel iam na versão elétrica, com o Joel a fazer o seu primeiro test drive numa elétrica. O PedroS ia na sua analógica de 120mm de curso.
Nos primeiros km, o Joel era só sorrisos, parecia o rei sol. “Olha como sobe bem, e a descer não se porta nada mal, só o tamanho é que deveria ser maior”. Eu, lá ia tentando não os pôr a secar durante muito tempo nas subidas.


Nos primeiros km, o entusiasmo dos elétricos era absolutamente uma falta de ar para mim, tinha que manter o meu ritmo e não deixar que as baterias me eludissem.
O Rocha logo nos km iniciais começava a ter problemas no drop out e desviador, uns apertos para lá uns para cá, um alavancamento de desviador, uns pontapés e um praguejar deixavam a bike dele mais ou menos para continuar a rolar.
As levadas, foram uma bela surpresa.  Fala-se muito das levadas da Ilha da Madeira e Açores, mas estas não ficavam atrás em nada.
Era uma levada que ladeava o rio Cabril, que se encontrava no nosso lado direito. O trilho da levada em algumas zonas tinha desparecido obrigando-nos a mudar de margam da levada para podermos continuar. A paisagem estava deslumbrante, com um misto de outono passado com um inicio de primavera precoce. Os km não estavam a fluir, mas estavam do nosso agrado.
Um trilho/estradão a recortar a montanha, fazia os km passar mais depressa e já estávamos com vista sobre as Fisgas do Ermelo.


A subida ranhosa do dia ficava no acesso às Fisgas, com um início em pedra solta e alcatrão desgastado, isto claro sempre a subir, tb já o fiz a descer e não me queixei 😁😁. No topo um planalto de cores com previsões e ameaças de chuva numa paleta de pincéis aturdidos de tela. Os torrados do sol com as nuvens da mesma tonalidade, deixavam-nos uma opiácea visual.
Passávamos o meeiro do percurso, as e-bikes mantinham-se com perspetivas de terem bateria até ao termo da meta.
As pernas sofriam mais um pouco antes do café/reforço estabelecido pela organização, uma “subidinha” técnica onde a respiração quase que desaparecia tal as vezes por segundo que tentava inalar o máximo de oxigénio possível.
No café/reforço deixei as baterias a carregar com sandes de carne e cerveja e continuei o meu percurso. Para trás ficava um trilho entre campos e muita lama com muita pilotagem de bike.


Os percursos grande, e pequeno, cruzavam-se muitas vezes. À saída do café/reforço em descida com a quantidade de bikes no trilho, deixavam o terreno praticamente numa papa, com pedras/penedos escorregadios cobertos de lama. Não foram poucas as vezes que tive de usar todo o conhecimento com uma pitada de sorte para me manter em cima da bike.
Mais uma separação, este para encher chouriços, calcar alcatrão só porque sim… não entendo.
Deixávamos o percurso pequeno para fazer uns km em alcatrão, com poucos trilhos de assinalável preponderância, a não ser um que há uns anos atrás o fazia a subir, o calvário, (agora a descer) me levava a um dos sofrimentos bttistas de superação, até os meus ossos suavam.
A elétrica do Joel parecia um dos brinquedos baratos que se compra nos chineses, fazia um chinfrim… com avisadores eletrónicos sonoros a resmungarem com ele sobre o aproximar do fim da mama da bateria. O GPS para não ficar o único calado tb começa a fazer chinfrim.
Em 10km derreteu a outra metade da bateria, claro… nas subidas parecia que ia de mota. Pensava ele na forma, formidável, frenética, que pedalava, os outros a ficarem para trás. A do Rocha para o Joel não ficar mal tb começa a ter mais problemas no desviador. Não conseguimos resolver e com mais de 50km os dois apontavam para o alcatrão até chegar a Mondim.
Continuava eu a carregar nos cranques da analógica para chegar ao fim. Como companhia ia tendo o grupo do António (assíduo do NGPS), e o Zé dos ACDAR btt. Saltando de uns grupos para outros.
Uns km rápidos com a ajuda da gravidade faziam o conta km andar mais rápido.
Tivemos direito a atravessar o rio em cima de poldras, para fazermos mais umas belas levadas ou a continuação das mesmas, mas agora em sentido inverso.
Já com os percursos em comum e perto do final, encontro o Carlos, outro companheiro de bike que não via há muito.
Já se via bttistas como os outros kedistas a fazer alcatrão e a cortar na dureza. Para trás sem a companhia inicial ainda se fizeram muitos bons trilhos, com tudo que gostamos.
Podia ter sido melhor na minha opinião, mas as espectativas não foram dececionadas.

domingo, 12 de janeiro de 2020

12-01-2020 Passeio de Reis Kedasbike

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Este ano o nosso passeio de reis coincidia com o passeio da Milho D´Oiro.
Faria, Rocha, PedroS, Rui e Joel encontravam-se na pastelaria Xilas, o nosso ponto de encontro aos domingos.
O nosso patrocinador de Bolo Rei, padaria Xilas, tinha reservado uma boa quantidade de Bolo Rei para nós, mas nós só estávamos cinco kedistas e mais tarde o Nelson e o Tó poderiam aparecer.
Saímos do Xilas com o nosso Bolo Rei e o Vinho do Porto no camelbak. Fomos em direção à sede da Milho D´Oiro para participar no evento, onde já estava um bom grupo de bttistas. O Nelson e o Tó já lá estavam.
Era um passeio organizado pela Milho D´Oiro e os Calcando Pedal, e seguido por track gps ou seguir na roda.

Foi muito bom pedalar com um dos nossos chefes de fila. Já não pedalava com o Tó já faz anos, senti-me muito mais novo, como quando comecei no BTT mais cru.
O percurso era praticamente no “nosso” quintal, bem conhecido, e no “nosso” parque de diversões. O nosso ritmo não era forte mas logo perdemos o Tó, o Nelson ia sendo avistando aos poucos. Fomos reduzindo a velocidade para ver se ele se encostava, mas como demorava, ligamos, e ele já estava a calcar alcatrão para casa.
Carregamos nos cranques e procuramos um lugar ao sol para degustar o nosso carregamento. O Bolo Rei estava top mas o Vinho do Porto quase que acompanhava, quase…
Voltávamos ao passeio, o Joel repara que perdeu o GPS, fomos para trás à procura até onde ele se lembrava da última vez que o tinha visto. Não teve sorte…
Nós tb não tivemos sorte, chegamos à sede dos Calcando Pedal e já tinham todos ido embora. Chegamos tarde e a más horas 😢.