sábado, 19 de junho de 2021

19 de Junho Extreme Peneda Xures 2021

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Passado um ano à espera do EPX 2021, eis que ele nasceu. O ponto nevrálgico escolhido foi a Aldeia de Lindoso. A partida e chegada era no meio dos famosos espigueiros, cheia de glamour.

Com quase dois meses de inatividade física por ter partido o cotovelo numa keda de bike em março, a ansiedade era grande por achar que esse tempo parado me podia fazer falta neste dia.

No dia anterior ao EPX 2021, o tempo previsto não era nada animador e a probabilidade de chuva era grande para o dia todo, procurei em alguns sítios na net e em todos era… vais levar com chuva durante muito tempo. Preparar para levar roupa a mais no passeio para trocar.

O relógio estava pronto a disparar às quatro da manhã, uma hora de viagem, mais pequeno almoço e preparar a bike para arrancar, devia chegar. A minha box de saída só estava pronta lá para as 6.20h.

O tempo parecia que estava melhor para o dia e já não estava tão ameaçador.

Às 5.45h já estacionava o carro, montar a bike e fazer os preparativos para arrancar. Reparo que deixei o bidão com os sais em casa F?&%$#”, (quando cheguei tb reparei que não levei o saco para o banho e troca de roupa. (preciso de férias)

Começo a ver caras conhecidas de companheiros das bikes, e algumas caras conhecidas na organização.

Quando chego aos espigueiros vejo mais gente conhecida, muitos com verdadeiras mochilas, como se fossemos fazer os caminhos de S. Tiago.

Achava que a madrugada estava muito quente, e a subida aos espigueiros já me punha a transpirar, roupa a mais, tira mais uma peça. Àquela hora da manhã estava bom para pedalar de manga curta.

Falei com o Miguel Martins, um dos pais da criança, juntamente com o Joel Braga, para ver se havia um bidão que me pudessem emprestar, ainda tentou, mas não foi possível. Esquecer a falta e tentar resolver a falta de sais para a quantidade de horas a pedalar.

O EPX2021, para mim, ia ter uma particularidade, como era o último a sair não havia ninguém que ia passar por mim, a não ser o Daniel (vassoura) que ficava no alto da subida à espera que eu chegasse.

Deu-se o arranque e eu ainda de máscara, toca a tirar e guardar, ai que nervoso…

Os primeiros metros já só via o Daniel (vassoura), mas ao chegar ao alcatrão já via o Luis Martins que ficou à espera do Paulo Gonçalves que saía na mesma box que eu.

Fizemos um pelotão final de 4 bikes. Os primeiros 10km eram em alcatrão, começando por atravessar a barragem do Lindoso em direção à aldeia do Soajo. O Paulo começava a desaparecer na frente do alcatrão e só o voltamos a ver no Soajo.

Mais uma bela coleção de espigueiros e uma calçada muito interessante, (saímos do alcatrão para por as pernas em sentido na calçada) para se fazer à mão, dava para pedalar em cima, mas o esforço exercido podia fazer falta mais para o final.

A meio da subida da calçada, tirava mais uma camisola, estava um calor do C”#$%&, abafado e húmido, ainda não tinha estabilizado o meu corpo para este empeno e não ia muito confortável.

O Luís ficava na companhia do Daniel, o Paulo para a frente, e eu começava a entrar no meu ritmo o os batimentos começavam a não oscilar muito, estava finalmente em prova.

Juntava-me ao Paulo, e da Porta do Mezio até à aldeia Bouça do Homens pedalamos juntos.

Estávamos os dois com as mesmas ideias de fazer Green Wolf 130km e tentar o White Wolf 150km se as pernas e as barreiras horárias o permitissem. Estávamos a pedalar igual, e com companhia a aventura torna-se melhor.

Antes da Porta do Mezio já se avistavam alguns bettistas, ainda bem, não estávamos só os quatro.

Quando chegamos à Aldeia de Avelar, mais movimento de bttistas, o Joel Braga (outro dos mentores do EPX2021) mandava descer à mão, a organização tinha tratado da logística toda, mas não conseguiram tratar do dentista e ortopedista. Era melhor descer à mão e mesmo assim não foi fácil.

O Joel, um gajo porreiro, dava-nos força, depois de descer vai ser sempre a subirrrr, uma palavra com muitos Rs, deixou-me logo entusiasmado. Foram 12km com 900+ de acumulado. No total, já íamos com 44km e 2000+ de acumulado nas pernas.

Zonas bem inclinadas, mas a paisagem começava a brotar e quando o nevoeiro deixava, e foram muitas as vezes, a paisagem ajudava a subida. Voltava a vestir um corta vento, mesmo a subir o vento trazia dor de tão gelado que estava.

A primeira barreira horária estava na aldeia da Bouça dos Homens, e nós chegávamos com 1h de oxigénio a mais.

Aproveitávamos para encher água e abastecer o depósito de comida, enquanto fazíamos a reunião de condomínio. Uns 9 bettistas juntavam-se à volta de uma fonte.

O Luís Martins chegava e tinha entregue a vassoura a outro. Mas quando o vi a tirar a marmita, a toalha, garfo, copo, aparelho de música e grupo de rancho folclórico, decidi arrancar devagar à espera que eles me apanhassem.

Mais uns km de alcatrão até ao parque de campismo de Lamas de Mouro, num ritmo descansado.

Entrava numa zona muito bonita de trilhos que ladeavam o parque de campismo. Voltava a parar para apreciar a beleza da natureza e dar mais uma trinca na sandes.

Dois colegas dos 9 do condomínio chegavam, perguntei se tinham visto os meus colegas iniciais, disseram que quando arrancaram ainda ficaram por lá. Estes dois ficaram a tomar café em Lamas de Mouro e eu subi para a aldeia de Portelinha em ritmo pausado. Cheguei ao topo e aguardei mais um pouco. Os colegas do café chegavam, e os iniciais nem vê-los. Optei por os acompanhar, colocar o meu ritmo e zarpar.

De Castro Laboreiro até ao ponto mais alto do percurso, os trilhos e estrada já estavam bem pintados de bttistas, já havia mais companhia.

Enquanto dava aos cranques admirava o vale da Srª de Anamão, uma zona que pretendo explorar.

Apanhava mais dois colegas e tentava convencê-los a virem para os 150km. Um ainda estava com a guelra vermelhinha, o outro já estava a precisar que o percurso não tivesse mais km.

Aproximava-me do ponto mais alto do percurso, onde jaziam enormes ramos/troncos de pinheiro de um branco baço a lembrar ossadas de animais de grande porte que por ali habitaram há muitos anos. Um quadro muito bonito.

O vento estava a soprar com alguma intensidade, e quando cheguei ao topo comecei a descida à procura de uma zona abrigada para encher bem o depósito e vestir roupa mais quente. Não havendo alternativa sentei-me no chão encostado a uma rocha para me proteger do vento e preparei-me para a descida e restantes km.   

 A “descida” já era conhecida para mim e ia demorar algum tempo, uma descida que tens que pedalar e o vento tb não estava a apanhar as velas como eu gostaria. Era uma centrifugação de descida.

O dedo anelar começava a ter espasmos, parecia que estava a despedir-se dos outros quatro, ia ficar pelo caminho, coisa estranha. Já não devia ter sangue ou não havia circulação.

Entrava numa zona rápida de pinhal com a temperatura a subir, abria o capô para entrar mais ar.

Agora apareciam ST, adoro ST principalmente a descer, este era sobe e desce, carrega nos cranques que está a ser fixe, a temperatura continuava a aumentar.

Como estava a curtir os trilhos não me apetecia parar para desencasacar, só quando os ST desaguassem num estradão é que estava para aí virado por isso… vamos lá derreter até ao fim.

E foi mesmo até ao fim. Parei para mudar as pilhas ao GPS, tirar o casaco, e voltar a comer. Quando arranquei a bike não andava, vi a pressão dos pneus, estava bem mas a bike continuava a não andar como vinha até então. Olho para o chão a ver se via óleo não vá ter partido o motor, nada… nem uma pinga de óleo. O arado estava acoplado à bike, deve ter sido o homem da marreta que o acoplou sem eu me aperceber enquanto mudava as pilhas ao GPS?!!! Ca p”#$% de marretada… 105km… pummm nem me apercebi.

Pus a minha melhor cara de empenado e lá fui subindo na avózinha devagarinho só para manter a bike em equilíbrio. AHHHH que ST porreiros… agora chora e pedala só com a alma.

Enquanto pedalava devagar (que remédio não dava para mais…), ia hidratando e comendo o que podia, a ver se ainda conseguia parecer um espetro em cima da bike sem cara de empenado. 


A cidade de Entrimo ficava para trás, bem como track White Wolf 150km, mudava para a primeira opção. Baaaaahhh.

O track voltava a enfiar-me noutro ST, a gravidade fazia o meu trabalho, ai que estava a saber tão bem.

Atravessava o rio em direção a Lobios e aí é que eu vi que estava num molho. Já estava com alucinações e achava que estava a fazer o percurso da Stª Eufémia ao contrário. Como não parava de subir eu começava a desconfiar que estava mesmo ao contrário. Desliguei o GPS e voltei a carregar o track algumas vezes, como não parava de subir um homem desconfia, é normal não? E pensava eu, ai tu querias ser um White Wolf? Ainda estás muito verdinho (Wolf)….

O tempo estava a piorar e eu já cantava, ai tu querias ir para a Stª Eufémia? Sim, um empenado fala sozinho, não havia ninguém com quem falar… disfarçava e parava para ver o espelho de água da barragem do Lindoso, petiscando uns frutos secos como se estivesse ali por acaso.

Lá estava eu na minha visita de turismo quando sou ultrapassado por dois bttistas com cara de Stª Eufémia, passaram com uma bela cadência, não iam empenados, deixei-os ir. Estava no sentido certo do track, pelo menos essa preocupação desaparecia.

Logo de seguida por trás ouço uma voz conhecida do Roberto Aires, a dizer para eu não fugir, até deu vontade de rir. Tb vinha da Stª Eufémia e dizia-me que a subida foi dura como um corno. Levava a cadência idêntica aos outros dois, ele tb não ia empenado e lá foi…

Voltava a gravidade da descida do estradão final que entroncava no alcatrão, e que me levava para a meta.

Na descida de alcatrão apanhava o Aires (sou mais pesado…), estava a encher o bandulho. Perguntei-lhe se ainda ia ao topo da Serra Amarela, ele estava com dúvidas. Depois de ter visto o vídeo dele com os óculos embaciados e a pingar no alto da Louriça, a gritar que nem um “louco”… vi que se transformou num lobo preto.

E voltei eu ao ponto de partida, os espigueiros aplaudiam de pé, agradeci efusivamente.

10.50h em movimento, 13.00h de tempo decorrido.

O Sidónio, foi para o Black Wolf, o Paulo para o White Wolf  e o Luís Green Wolf

Já conhecia algumas partes do percurso, que é uma zona muito bonita e dura. Sabe sempre bem pedalar por estas zonas.

Para mim valeu a pena, estava com fezada que conseguia ser um White Wolf, o que não me deixou completamente satisfeito, mas fiz o meu record de km e acumulado num trilho de btt.

um abraço aos Mentores deste projeto, Joel e Miguel e a todos os que os ajudaram



sábado, 5 de junho de 2021

5-6-2021 Portas Mezio/Peneda Gerês/Castro Laboreiro

 

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Rocha, Pedro Faria e PedroS com um track idealizado pelo Miguel Martins iam para os trilhos da Peneda Gerês e Castro Laboreiro.

Um suporte de bikes no gancho do reboque tirou-nos 1h de pedalada, eram demasiados ferros/baterias para os apertos ficarem em condições de segurar as bikes. Fizemos umas 1003 combinações para colocar as bikes presas, e só ao fim de uma hora é que conseguimos seguir viagem.

Antes de tirar as bikes do suporte documentamo-nos com fotos para depois à vinda a montagem não ser outro vez um quebra cabeças.

Saímos da Porta do Mezio às 9.00h, já o sol levava um grande adianto. Eu carregado de protetor solar no corpo, ainda fiquei mais branco. Ofereci protetor aos amigos de viagem e eles educadamente declinaram a oferta. Machos…

Ia ser a prova dos nove para o meu cotovelo partido em Março, a ver se estava preparado para o Extreme Peneda Xures e o resto do corpo tb.

3km afastados do carro parávamos em cima de uma ponte para admirar uma ribeira. Descobríamos uma lontra que trepava penedo a penedo nos seus afazeres matinais, sem se importar com a nossa presença ou não a detetou. Continuava a investigar cada charco ribeira acima. Pena a Gopro não ter a qualidade de zoom…

Começava a subidinhaaaaaa, pequeninaaaa… até alto da Serra do Soajo. O Faria já via o mar… não sei o que é que este gajo anda a fumar, mas…

Seguimos o estradão e passávamos pela nascente do Rio Vez.

O Faria aumentou um apêndice ao track original e fomos visitar a aldeia de Aveleira, parece que está a ser programada para turismo de habitação.


 Aldeia Bouça dos Homens com vista para Peneda, e para a famosa calçada. A subida da calçada era exigente, mas a descida não ficava atrás.

A trepidação era tanta que quase descolava o cérebro do crânio. Tive de parar algumas vezes para descansar os braços e os músculos das coxas que começavam a berrar de dor, eles estavam a avisar-me, ou parava ou eles saiam e iam embora, não estavam para aturar estas merdas.

Os meus amigos elétricos lá iam eles todos pomposos quase sem esforço nenhum nas descidas, sempre bem calçados e com a suspensão para dar e vender, sim… estou com raiva.

Uma visita à Srª da Peneda, para depois fazer mais uma penitencia na GR50 até à casa do guarda florestal, uns km em alcatrão para dar descanso às pernas para voltar à GR50 até Lamas de Mouro, (zona muito bonita).

Subida em alcatrão até ao alto da Portelinha, para continuar a subir para o planalto de Castro Laboreiro, até nos encostarmos contra a fronteira.

10km de planalto parávamos num miradouro para apreciar as vistas e Castro Laboreiro, a descida para lá era tb muito técnica com muita pedras escondidas por vegetação, mais uma coça para a minha bike e para o meu corpinho.

A marretada, quando chegamos a Castro Laboreiro já era evidente, o Rocha tb começava a mostrar sinais que não estava confortável, e a coloração avermelhada não deixava enganar que se ia f”#$% com um grande escaldão.

Estava na hora de virar a bike em direção ao carro, 16km de alcatrão com passagem pelo vale glaciar da Peneda, mais uma paisagem de tirar o folego. Olhando para a paisagem, amaciava o empeno. Mas depois na subida para a aldeia Bouça dos Homens já só via a roda da frente. Os elétricos nestes km de alcatrão vi-os duas vezes, diziam que era para eu me preparar/habituar para o EPX2021, já que ia andar sempre sozinho nesse dia, e abandonaram-me.

Mais 12km a subir desde o batateiro até ao alto do Soajo, ufa!!! Ufa!!!. Era oficial eu estava todo roto, o Rocha tb já teve melhores dias.

Finalmente começávamos a descer, mas até a descer era F$%&”#.

Os dois elétricos a descer todos pomposos pareciam dois cangurus aos saltos todos sorridentes descida abaixo, que nojo me estavam a meter, eu tentava desviar de todas as pedras e sempre a carregar nos travões para a bike não ganhar muito lanço e manter as rodas coladas ao chão para não sofrer tanto. O meu corpo não aguentava mais a centrifugação. Durante a descida parei algumas vezes para ver a paisagem e organizar o corpo, ai que a descida nunca mais acaba, nunca pensei dizer isto no btt.

Cheguei ao carro todo roto, o Rocha parecia uma lagosta saída do tacho todo vermelho, o Faria estava com bom aspeto, ainda bem que era ele a levar o carro para o restaurante e depois para casa.

Belo percurso com 103km com 2600+, um bom treino para o EPX2021.