Após dois anos de ter participado no NGPS de Benfeita, e o
ter considerado um dos melhores NGPS que fiz, fiquei logo em pulgas para
participar neste NGPS de Côja. As duas freguesias pertencentes a Arganil,
ficavam a menos de 10km de distância. Os montes deveriam ser mais ou menos os
mesmos. Logo o crescente do entusiasmo.
Sabendo que em 2017 os incêndios na zona deixaram tudo
preto, a paisagem deveria ser predominantemente cinzenta com pouco verde a ser
pincelado.
Rocha e PedroS com o dorsal já colocado na bike e o relógio
a marcar as 7.30h, já rolavam em cima da bike.
Subir por estradão, a bocejar, 10km já comidos sem sabor,
tal era o sono que consegui subir mais 2km sem me aperceber que estava
enganado. O que via no gps não era o trilho a seguir mas a imagem do estradão,
fomos até aos 770m de altura o ponto mais alto do dia. Que sono…
Chegávamos à aldeia do Sardal com 24km, e a memória já batia
palmas. Estávamos numa zona de 2017 interessante e com os km a passarem os
trilhos já despertavam para o dia. São estes trilhos que me fazem adorar o btt.
Da aldeia de Sardal até à Aldeia Pai das Donas 3/4km de
trilhos e ST do melhor e 2017 foi metade do percurso assim. Este ano ficou um
pouco aquém, claro que os incêndios ajudaram e o risco de incêndio para o dia
em questão, cortaram as zonas mais interessantes, segundo a organização.
Continuavam os trilhos interessantes, até Benfeita, mais
2km. Numa descida os olhos começam a fixar uma valeta e as rodas tb quiseram
ver de perto, com sorte só levei com o cotovelo do Rocha e o punho da bike nas
costas que vinha atrás de mim e não conseguiu parar.
Este ST entre paredes era novo para mim, e muito
interessante em pilotar a bike. O Rocha já ficava a perceber o entusiamo de o
convencer a vir. Mas… o dia ainda não tinha acabado.
A seguir a Benfeita, o azar do dia apareceu na minha roda
traseira. Zona de xisto e um valente rasgão na lateral do pneu, alguma demora
na sua substituição enquanto conversávamos com um nativo.
Houve mais alguns trilhos (poucos) de interesse até ao fim,
um dos quais uma picada de pernas durante 1km. Era preciso ferrar no avanço
para a dor das pernas atenuar, ficavam os dentes a doer. Dasseeee .
85% do percurso não foi do nosso agrado, vou continuara a
guardar na memória o de 2017.
As férias em São Miguel estavam marcadas há algum tempo,
faltava só escolher o dia para poder percorrer alguns trilhos de bike na ilha.
Ao pesquisar na Internet alguma atividade de bike a gosto e
fazer alguns trilhos que entusiasmassem não estava a ser fácil. Parecia que não
ia ter sorte, não estava a encontrar nada que me pusesse os olhos a rir. Só
encontrava percursos/atividades de brincar ao btt.
Quando cheguei ao destino de férias e em conversa com o
proprietário da habitação fiquei a saber que o filho praticava btt, um contacto
salta prá mesa, fixe. Alguém que pratica btt pode dar uma ajuda para o que
pretendo. Ele enviou um SMS com o contacto.
Contacto* o Lourenço** para agendar o dia, as perguntas
feitas por ele levam ao tipo de trilho a escolher. Paisagens, subidas,
descidas, acumulado positivo e negativo com partes técnicas a subir e a descer
com km que pudesse dizer que fiz btt em São Miguel, não um passeio de bicicleta
que podia ir de carro.
A domingueira começava bem cedo 7.35h, fizemos poucos km de
carro e estaciona-mos. Descarregar as bikes e preparar para subir bastante.
Via-se lá no alto o topo Lagoa do Fogo, e eu já tinha ido lá de carro, sabia
bem que teríamos de trepar bem, só não sabia a inclinação e o tipo de terreno.
A minha montada era uma TREK REMEDY de 160mm curso, enduro
pois claro e a subir, mas não desgostei da relação da transmissão.
Um acessório sempre presente na prática de btt na ilha é o
impermeável/corta vento. Não sabia muito bem como vestir para o dia, e levei
roupa a mais. Calor tropical, chuva quente, humidade no máximo e os trilhos
sempre húmidos dava para perceber que a subida ia ser bem generosa, e os
pulmões iam trabalhar bastante.
Com algumas inclinações a 20% a subir, o corpo já libertava
humidade em gota ou ribeiro. Parei para tirar uma camisola corta-vento para
respirar melhor e apreciar as vistas. Ao longe via o ilhéu de Vila Franca do
Campo
O percurso em trilho e alguns ST estavam espetaculares, não
conseguia pôr a bike a rolar mais rápido, estava a apreciar as vistas e a
inclinação tb era generosa. Perdia-me com as estonteantes paisagens. Ao longe via
o mar e em qualquer curva via-o a espreitar, ou via-o por entre a vegetação.
Nas zonas mais fechadas da vegetação, ficava estupefacto com a quantidade e
diversidade de flora para apreciar. Passava por algumas pontes e umas ravinas
sem fundo, tipo buraco negro sem saber quando acabava.
Estava a pedalar num jardim botânico enorme e de uma beleza
ímpar, queria apreciar tudo, tipo Parque Terra Nostra, era tudo bem diferente
do que estava habituado, de uma formosura singular onde só te apetece apreciar
e… continuar a apreciar…
As subidas continuavam… mas com algumas descidas para sentir
o vento e arrefecer um pouco o corpo, a água que levava parecia que não ia
chegar, mas o Lourenço dizia para não me preocupar que havia muita água pelo
caminho.
E claro… o trilho passava por levadas bem bonitas e
estreitas, os cheiros tb iam mudando. Os cinco sentidos estavam regalados de
satisfação, claro que o tato pertencia à bike e o paladar ficava-se pela água,
mas os outros estavam satisfeitíssimos.
A subida mais “técnica” em trilho com pedras soltas leva-nos
ao sopé da Lagoa do Fogo, e a vista é deslumbrante. Não obstante o nevoeiro e o
vento, a perspetiva da lagoa estava lá na sua selvagem imponência. O sol trazia
mais cor, mas só de pensar que estava lá… e há uns dias atrás estava do alto a
ver o trilho que estava agora a fazer de bike… deixava-me com uma enorme
satisfação.
O Lourenço informava que íamos começar a descer, uns 2,5km.
As campainhas de excitação começam a ouvir-se, e larga-se os travões como se
estivesse atracado ao ponto mais alto do percurso.
A descida em semi-estradão, com lombas de desvio de água das
chuvas deixaram-me um pouco dececionado, estava a pensar numa descida mais ao
estilo da bike montada.
Deu para a soltar um pouco nas lombas e as curvas contras
curvas, deixavam sair algum entusiasmo. Aproveitava a descida para absorver a
natureza que rodeava a inclinação.
A descida levou-nos de enxurrada até ao mar, uns km em
alcatrão na marginal até voltarmos a entrar nos trilhos e estradões que nos
levaram até ao carro.
Fiquei deslumbrado pela beleza dos trilhos, não estava à
espera de encontrar trilhos que me fizessem rodar a cabeça e os olhos tantas
vezes por segundo. Brutal.
A humidade lá é poderosa e as inclinações tb 😏.
A principal descida é que ficou um pouco aquém. Se calhar
foi por estar montado numa bike de enduro e pensar que iria fazer algo do tipo.
Mas foi uma descida agradável.
**Como tive muitas dificuldades em arranjar um tipo de passeio
ao meu gosto, deixo aqui o contacto do Lourenço.
Além de aluguer de bike ele tb tem um “hotel” bike friendly.
Podem levar a vossa bike ou alugar lá o que quiserem, informem-se que ele tem
uma vasta oferta.