segunda-feira, 20 de junho de 2011

17,18 e 19 de Junho 2011 - Caminhos de Santiago de Compostela


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1º dia Pereira Barcelos – À Guarda Espanha   95Km


Mendes, Zé, Carlos (KTM),  Fernando, Amorim, Pedro, Américo, Ricardo, Tendências e Carlos (Sobrinho), no fim do dia aparecia o Carlos (o irmão levava-o ao albergue). Foram estes os peregrinos de bike que saíram de Pereira, às 8.00h pusemo-nos a caminho.

O nosso transportador de fogão (vulgo recipiente em barro para assar chouriças em água ardente) o Sr Tendências, com os seus saltinhos rebentou o saco de plástico que transportava o fogão, e  partiu os suportes que impedia a chouriça de entrar em contacto com a água ardente, mas não íamos ficar mal, são coisas que se resolvem.


Chegada a Fão, chegam os dropouts do Tendências e as famosas clarinhas de Fão. Aí enchemos o nosso mealheiro Zé, de dinheiro. Agora era o homem mais importante do grupo, andava sempre com guarda Pretoriana.

Uma das palavras mais ouvidas nestes dias foi “AZEITEIRO”. Gritávamos  quando quem ia à frente não via as setas amarelas, o que era normal, dado que pela costa está um pouco mal marcado mas era compensado pela beleza das paisagens e pelos diversos ST (Single Traks) que por este lado vão aparecendo,  fenomenal.
Passamos pela Malafaia e daí apareceu uma música que fomos cantando durante os três dias:

Eu vou à Malafaia    
A Malafaia é vossa amiga

“agora em Inglês”

I go to Malafaia
Malafaia is your best friend

 



Paramos num parque para lanchar e toca a tirar as três garrafas de vinho frescas que levávamos, pão, chouriça, panados e o nosso fogão partido com a água ardente. Começamos a fazer o incêndio com a água ardente para assar as chouriças e foi petiscar, limpar e bazar que começava a chover. Azar, de mochila às costas e a chover bem. 





Os ânimos começam a fraquejar, para ajudar à história quando estávamos em Afife, o cepo da minha bike bloqueia, agora parecia um triciclo, só não devia dar pedal para trás para não dar cabo do desviador e da corrente.

Andámos um pouco até uma povoação para pedir ajuda/informação e aconselharam-nos uma oficina de motos, e siga para lá com os pés na suspensão e a ser rebocado/empurrado pela resto da comandita.

Chegando à oficina de João Fernandes em Afife, logo se prontificaram a ajudar. Desmontaram o cepo à martelada (pois não tinham alguma ferramenta que era necessária), e este cai em peças no chão, perdendo um linguete que teimava em não aparecer. Tiveram de inventar, desmontaram um cortador de relva, tiraram o cepo, desmontaram o cepo e tiraram um linguete… será que dá? Parece-me maior… salta linguete para o esmeril , dasse ,… será que dá!!! Parece que sim tudo montado, rola, faz barulhinho, já estou feliz outra vez.
Enquanto eu assistia ao parto, os restante s viam calendários de oficina, lavavam as bikes, pediam óleo para lubrificar e o dono resmungava que havia muita gente num espaço tão pequeno (estava a chover tótil) .

Quanto é? (pergunto eu ao patrão)  – “vão mas é embora que já estou cheio de vos aturar” .  Excelente pessoa, tivemos lá uma hora e meia a mudar de roupa, comer umas barritas e fugir da chuva enquanto o trabalho deles estava parado.

O nosso/meu muito obrigado ao Sr João Fernandes.

De volta à perseguição das setas amarelas, cheios de fome e já com a chuva para trás,  o almoço ficou-se por umas barritas. O Tendências começa a enlouquecer por comida, só que… no monte não há muitos tascos ou cafés.

Ao chegar a Vila Praia de Ancora, D. Tendências fica louco e diz que não anda mais sem comer, mas já tínhamos perguntado lá na Vila onde se podia tascar, era no Monte do Calvário.

Monte = a subir, mas D. Tendências não andava mais nem percebia o que lhe diziam, “lá em cima há comida é só subir e comer”  D.T. – “eu não ando mais sem comer”.  Depois de diversos desenhos e caras feias lá fomos subindo, subindo, subindo, uma pendente tipo parede, e lá em cima de onde se via o mar, que lindo e bonito (outra frase que ficou sempre que víamos algo transcendente).


Paramos no tasco, e fizemos logo uma feirinha com as sapatilhas, camisolas, meias e mochilas  ao sol penduradas onde desse, até no passeio.  Estávamos à vontade e íamos comer, só que havia um pequeno problema, a cozinheira não estava, tinha ido ao talho. 


Toca a comer tudo o que o Sr tinha em pacote até chegar as bifanas e pregos, agora toca a olhar sempre para o relógio para ver se conseguíamos apanhar o ferryboat para o lado espanhol.

Chegamos ao porto e já víamos o ferryboat, já nos safamos.  Por cinco minutos ficávamos a falar Português o que implicava dormir em Caminha e no Sábado ter que pedalar bem e rápido.

Chegados a Espanha, procurar as setas amarelas foi um desatino, havia no mesmo poste setas nos dois sentidos. Foi a zona mais complicada de seguir, até termos de seguir pela estrada nacional até ao albergue de Á Guarda já que o sol já se estava a deitar.


Depois de um banho bem quente e vestir a farpela da noite (todos iguais para não nos perdermos e de fácil visualização) já com o Carlos no grupo mais as três botelhas e chouriças que ele trouxe, para a manhã seguinte repetir a dose. Lá fomos jantar à Ester, a comida não era grande coisa mas os chopitos eram bastantes e bons.


Agora vinha a parte mais difícil para mim, dormir. Tenho um ouvido de tísico e claridade nenhuma. Como tínhamos uma ala só para o nosso grupo, houve tempo para fazer um arraial de riso com as baboseiras.

Andava lá um (Tendências) a fazer de ET mas com a luz não no dedo mas…, estava tal algazarra que  outro (Amorim) já estava a dormir (ressonar) até aparecer um gato no telemóvel. Levanta-se de gás para atirar o sapato ao gato e acorda… momento único.
Como estávamos em festa, os vizinhos do edifício ao lado também estavam,  tocaram uma musica de técno (sim, sempre a mesma) até às 4.30h da manhã, no fim saíram e ficaram na faladura mais uma hora.  Mesmo assim, só eu, o Ricardo e o Sobrinho é que estávamos acordados.

O Carlos KTM andava  a fazer chá durante a noite ou a descombrar. O Mendes também sabe usar uma descombradora, bem como o Tendências. Devo ter dormido uma hora.




2º dia Á Guarda – Briallos Portas 117km

Alvorada às 7.00h, desejar um bom caminho a um peregrino que vinha a pé desde Esposende e a promessa se nos encontrássemos pelo caminho tiraríamos uma foto. Ensacar tudo outra vez,  pôr protector solar (não vá chover e também protege do vento) e saltar para cima da bike para encontrar o café aberto e tomar o pequeno-almoço.


De volta à procura das setas amarelas, continuando pela costa em zig-zag, encostados ao mar, atravessar a estrada,  ir para o monte/pinhal num sobe e desce constante,  repetitivo,  duro, pouco usado e calcado, mas lindo e belo, encontramos o peregrino de Esposende. Tiramos umas fotos e continuamos no nosso zig-zag, voltamos a encontrar o peregrino, ele em linha recta estava a andar tanto como nós de bike (o peregrino ia só pela estrada).


Estava na hora do ritual das manhãs, comprar pão e ir para praia fazer um incêndio com a famosa água ardente, chouriças e vinho fresco (do nosso), apanhar um solzinho e apreciar a paisagem. Como as chouriças acabaram o nosso fogão foi entregue aos espanhóis e partimos para ver se o peregrino não nos apanhava mas… ele devia andar a correr porque passámos outra vez por ele.


E lá continuamos com o nosso zig-zag até o meu cepo dizer que estava igual , com em Afife. Voltou a bloquear, que vou eu fazer agora tão longe de tudo… vou ligar para casa para me virem buscar, mas os companheiros de viagem dizem que não, “estamos onze e chegamos onze a S. Tiago”. Lindo.

Paramos num restaurante e perguntamos onde poderíamos encontrar uma oficina de motos ou bikes, dizem eles, “só em Baiona, 6/7 km”, toca a pedalar o mais rápido possível até Baiona, estavam a ser horas de almoçar e da parte de tarde estariam fechados. Eu com a companhia do Amorim, Tendências e o Sobrinho de prego a fundo lá fomos tentar chegar antes da hora de almoço e encontrar a oficina, mas quase ninguém conhecia ou diziam que estava fechada ao sábado.

Reagrupamos e fizemos uma busca maior, mas já nos estavam a mandar para fora de Baiona, e começava a não acreditar que me ia safar. Mas a uns 3km de Baiona (Ramallosa) encontramos uma loja de bikes com oficina, entramos para ver se podiam fazer alguma coisa ou se tinham um cepo igual.

Cepo igual não tinham e o mecânico não estava, mas o dono sossegou-me e disse para irmos almoçar por trás da loja deles no restaurante Antipodas que ele ia tentar resolver e que me chamava quando soubesse de alguma coisa, já tinha telefonado ao mecânico dele e vinha a caminho.
Fomos para o restaurante com esplanada e lá fizemos a nossa feirinha, desmontamos tudo e ainda deu para fazer praia no passeio. O sol a entrar nos ossos e claro a cerveja a entrar no esófago, vinda directamente da janela do restaurante onde pusemos o dono sempre à janela e amarrado aos punhos da máquina da cerveja (estava cá um calorzinho chamativo). Começam  as terrinas de comida a chegar e a desaparecer antes de pousar na mesa  (estávamos todos de dieta), os senhores não davam vazão.

Chega o dono da loja das bikes e diz-me  “acho que conseguimos resolver o problema”. Quando chego lá o mecânico diz “a mola que segurava os linguetes partiu e eu coloquei um arame”, ao que eu pergunto:  e isso resulta até Santiago de Compostela?

Resposta:  ainda é longe se não esforçares muito é capaz de dar.

Estou lixado… não tinham cepo igual, alternativa era comprar uma roda. Vou como está, vou testar a bike e ouço o estalinho que me diz que não está lá muito bem, digo ao mecânico para dar uma volta e este diz-me, se não esforçares muito dá.

Pronto, é nesta altura que nos lembramos dos santos, vamos lá, toca a preparar para arrancar e quem avistamos a chegar ao restaurante? O peregrino de Esposende, sessenta e tal anos e a dar-nos uma coça das antigas. Mais uma foto de grupo com o Sr para ele dizer aos amigos que nos passou, só três vezes, ele a pé e onze maganos de bike.

Quando pegamos nas bikes o KTM furou, desmonta o pneu e tira um conjunto de remendos amarrados a uma câmara de ar (via-se mais remendos do que câmara de ar, INCRIVEL).


Com aquela cervejinha toda e com o papo cheio lá nos pusemos a caminho. Agora nas subidas tinha que ir com ela (bike) à mão, a correr ou em passo muito ligeiro para os acompanhar. Tudo o que era subida ou que carregasse muito nos pedais tinha desmontar e acompanhar.
Se continuasse-mos pelas setas a bike não ia aguentar (nem eu), já começava a ir a baixo psicologicamente, por os estar a empatar mas também já via alguns mamados.
Viramos para a nacional (porque falhámos umas setas a descer) e siga até Vigo. A bike em alcatrão porta-se bem, faço mais ritmo de pernas e ela vai sossegada.
O pessoal nesta fase ia todo mais calado. O Fernando desde que arrancamos começou a sentir-se mal, com dores de barriga. Até Vigo e passar a cidade foi das piores partes da nossa viagem. Quando passamos pela estação de caminhos de ferro, pensei logo tirar o bilhete para Famalicão mas dissuadiram-me a não o fazer e siga, mais nada. Lindo.

Já outra vez no encalço das setas amarelas e das vieiras seguimos na rota . Pelo nosso rendimento estávamos a pensar ir dormir a Pontevedra, o que para o terceiro dia iam carregar mais km, ia ser bonito.

Ao meio da tarde o pessoal já estava mais animado, até um cromo se meter com uma espanhola que se estava a cruzar connosco “olá, fazes parar o transito” (transito éramos nós) a espanhola pára, e nós todos a passar, “AZEITEIRO”.


O Zé agora só queria ir à frente, estava com o turbo todo ligado. Até a subir metia os cães todos e quem quisesse que o seguisse. Estava possesso e ao ritmo que íamos chegamos a Pontevedra mais cedo que o esperado, por isso fomos para o próximo albergue em Briallos Portas.


Chegada ao albergue, (numa povoação onde não havia praticamente nada) perguntamos a quem nos veio abrir a porta onde poderíamos jantar.
Resposta: Há um restaurante muito bom a quatro km daqui, vocês tomam banho rápido e eu levo-vos lá.

Quando nos pusemos com a farpela da noite, (todos vestidos iguais) o nosso cicerone já tinha marcado mesa para onze e um jipe da protecção Civil para nos transportamos para o restaurante, dois carros de cinco lugares fomos treze, o Américo foi na mala e chegou com as tripas à mostra.


No restaurante pedimos churrasco para todos, lá comia-se uma espécie de frango de churrasco fumado, mais umas carnes. Foi a melhor refeição da viagem.
No fim toca a ligar para as nossas boleias para nos virem buscar, e como iam demorar algum tempo, os que não gostam de chupitos ficaram à espera da boleia e os que gostam de chupitos esvaziaram garrafa e meia, (Pedro, Amorim e Tendências) eu já estava a dobrar a dose de calmante do dia anterior para ver se conseguia ressonar como os outros, por isso toca a beber mais um chupito (chupito = água ardente, mel e café) até as nossas boleias chegarem. Agora ninguém queria ir atrás e lá nos acomodamos todos nos bancos traseiros.


Chegado ao albergue toca a preparar para dormir, hoje como estavamos todos cansados não houve farra. Toca a tentar dormir, deixa-me ver se consigo adormecer primeiro que estes gajos, senão a sinfonia não me vai deixar adormecer.

Dito e feito começa a fanfarra, até ressonar metálico havia, como os beliches eram em ferro e a boca devia estar perto dele, dava um efeito sonoro de uma rebarbadora a cortar ferro. É de um gajo ficar doido, às cinco horas ainda estava acordado.

Realmente, para mim a parte mais difícil é não conseguir dormir.

3º dia  Briallos Portas – Santiago Compostela  50km

Alvorada às 7.00h (logo agora que estava a dormir bem), arrumar tudo dentro dos sacos, mochila à costa, saltar para cima da bike, e constatar que está bem frio. Pedalar sete km até à povoação mais perto para tomar o pequeno almoço e aquecer com alguma bebida quente.

Continuando no encalço das setas amarelas e das vieiras, já bem dispostos e satisfeitos com o pequeno almoço, o Fernando era o único que ia em baixo, ainda lhe doía o estômago e quase não comeu nada.
Chegada a uma zona bem conhecida de outros anos numa descida algo técnica, por haver muito areão, o Amorim vai ao tapete, mas sem consequências, só se sujou e raspou a pele.
Agora a comida até Santiago era à base de barras, já estávamos a ficar enjoados de tantas barras comer.




A uns dez km de Santiago o nosso comboio começa a ficar mais disperso e estamos sempre a agrupar, até aparecer uns ST a descer para animar o pessoal.


As paisagens eram do melhor.


Chegados a Santiago e à Catedral, deixamos as bikes encostadas umas às outras e fomos visitar a Catedral por dentro.







No fim fomos levantar o nosso certificado de peregrino.

As nossas boleias Berto e Ricardo já tinham chegado .

 Carregamos as bikes na carrinha e siga comer comida portuguesa em Valença, mas quando chegamos lá o restaurante a que estávamos habituados estava fechado por motivos pessoais, agora já estávamos a desfalecer não queríamos ir a outro e levar barrete.

Fomos a Ponte de Lima comer sarrabulho num conhecido e… levamos barrete. Só quando chegamos a casa é que comemos em condições.

O meu muito obrigado aos meus companheiros de viagem que me ajudaram com os problemas que tive na minha bike.

“BOM CAMINHO, AMIGO”

terça-feira, 7 de junho de 2011

05-06-2011 - Transmixões


Kedasbike Carlos Pereira, Tó, Mendes, PedroS, Joel e respectivas famílias com as malas cheias de comida para no fim fazer piquenique.

Boas, 
Não sei como estes políticos marcam eleições para o dia do transmixões (são mesmo políticos fracos), mas à frente. Queríamos sair de VN Famalicão já com o voto “votado,” as urnas abriam às 8.00h e às 8.10h já estávamos a caminho de Vila Verde chegamos ao parque de campismo de Aboím da Nóbrega às 9.10h já a pensar que íamos sozinhos (hora da partida era ás 9.00h). O grupo só arrancou às 9.30h, mas ainda faltava o Carlos Pereira que tinha ido a Santo Tirso exercer o seu direito de voto, chegou mais tarde, arrancamos ás 9.45 e ainda demos boleia a mais dois bttistas mais atrasados, eles não tinham GPS e aproveitaram a nossa boleia do GPS.
O que eles não sabiam é que íamos à deriva tipo cães pisteiros a ver as marcas das rodas das bikes e com alguma ajuda do GPS, foi uma loucura, o que se ouvia mais, “agora para trás”, “não me parece que seja por aí,” “não estou a ver marcas,” " o Mendes caiu", " Joel gripou o motor", "mancos", "tás teimoso Pedro", etc… quando já vem alguém a descer a jeira e nós a subir ("HÁ CAMPEÕES"), dizem eles estão a fazer o percurso ao contrário? Não vocês é que estão enganados, mas já me cheirava que andávamos mesmo à deriva subir a jeira toda em cima da bike era quase impossível. Não sei se percurso estava excelente ou não, não o fizemos como a maioria do pessoal, eu andei de bike com os amigos que era o que interessava e depois piquenique com a família, um dia bem passado, mas sempre há deriva…Às ordens do Tó.
Enquanto nós pedalávamos e levantávamos o Mendes ou tentávamos não o calcar as nossas famílias estavam numa romaria a S. António dos Mixões da Serra na bênção dos animais onde nós apareceríamos mais tarde.
No fim piquenique, malhas e bola um dia bem passado



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