sábado, 25 de julho de 2020

25 de Julho 2020 Castro Laboreiro

 

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Castro Laboreiro, já há muito que estava a apontar para conhecer os trilhos à volta da aldeia, uma volta grande com muito pedra para ver e transpor.

O amigo Miguel Martins foi o fornecedor do track, ele costuma fazer o percurso ao contrário do que fizemos. Andamos a pesquisar alguns trilhos para adicionar ao que o Miguel nos forneceu. Em conversa com este ficamos a saber que a GR50 andava por lá. E assim, decidimos fazer o percurso ao contrário, apanhávamos a GR50 em Castro Laboreiro com a inclinação pretendida.


Faria e Rocha com os motores das bikes a esbordar e PedroS e Hélder com óleo na corrente e nos joelhos.

Saímos de Entrimo Espanha, com uma faca para cortar o frio matinal, o sol ainda estava fraco, ressacado do aniversário de véspera.

Pelo meio de pinhais com um trilho prometedor, num sobe e desce mais acentuado na subida, com algumas picadas pelo meio, o cheiro a pinho húmido acompanhava-nos no início da subida.

Mudávamos de vegetação, do pinhal para zona despida de árvores, com arbustos na sua predominância. Uma manada de cavalos com os seus potros pastavam à nossa frente no trilho. Os adultos afastavam-se do trilho e os potros ficavam a convidar-nos para uma corrida, ainda fizemos uns bons metros com eles a correr à nossa frente a relinchar, em protesto pela nossa lentidão ou por estar a interferir na sua família.

No parque de merendas enchíamos os cantis e comíamos um pouco de energia, a subida ia começar até ao planalto de Castro Laboreiro, as descidas até lá, só as que descíamos abaixo da bike para ir com ela à mão, nem os elétricos… fará os analógicos… subimos até aos 1300m.

A nossa ideia era pedalar encostados à fronteira até Castro Laboreiro e fazer um corte no percurso do Miguel (não sei se foi boa ideia) a paisagem era igual em kms, nada mudava, o que nos veio abstrair foi a E-bike do Faria acusar aquecimento do radiador. Não dava apoio e o que safou na altura é estar no planalto ligeiramente descendente, assim conseguia manter-se ligado, mas com a cabeça já a fazer contas de raiz quadrada. Como C”#$% vou chegar ao carro com 28kg debaixo do meu CU.

Na ementa do percurso estava uma visita a uma ermida, mas… com o radiador em aquecimento ficava para uma próxima.

Chegávamos a Castro Laboreiro, uma aldeia muito bonita rodeada de belas escarpas e muitos penedos, vale bem uma visita. 

Rocha, PedroS e Hélder iam de bike até ao castelo de Castro Laboreiro, ver as vistas circundantes, enquanto o Faria ficava na aldeia a chorar, a tentar arrefecer o radiador da bike (estas e-bikes ficam doentes quando sobem com muito calor).

Era um belo trilho que nos levava até às portas do castelo, mas a bike tb gosta de ir às costas do rider. Havia zonas que era mesmo preciso fazer muita força para transpor os obstáculos que iam aparecendo. Tb nos indicava as zonas que não íamos conseguir descer em cima da bike.

Por entre carvalhos e pedras e os amarelos torrados das ervas rasteiras, e muito suor conquistávamos as muralhas do castelo.

A vista era sublime, uma imensidão de mundo, intenso, de sossego e paz, ouvia-se o vento e o soluçar do Faria na aldeia. Conseguia-se avistar umas lágrimas nos olhos dele por não estar apreciar os sentidos.

Estava na hora de carregar os depósitos de adrenalina e começar a descida. As muralhas ficavam para trás e o Rocha já deslizava horizontalmente um penedo deixando um pouco de pele nesta batalha.

A descida era mais complicada que inicialmente tínhamos previsto, era um misto de loucura e adrenalina a tentar não dar dinheiro ao dentista. Uma centrifugação dos rins a sacudir a pedra neles contigua. Mas foi uma delícia.

A bike do Rocha com tanta pedra começava a perder ar pelo pneu dianteiro, já faltava um pouco de borracha e o ar ia desaparecendo, metemos um rebite de borracha com cola para ver se o ar dentro do pneu não se escapulia.

Conserto consertado e continuação de massacrar a bike e o corpo em direção ao epicentro de Castro Laboreiro, onde se encontrava o Faria com os olhos inchados de tanto chorar por não poder ir lá cima. Não lhe dissemos o quão bom foi para ele não ficar deprimido, dissemos que foi só bom.

O Rocha já queria almoçar por lá, mas ainda faltava muito trilho, e não era alcatrão. Em protesto foi beber uma mini.


Demos mais uma volta à aldeia e tomamos a direção da GR50 😊. Um trilho ao nosso gosto e satisfação. Tinha de tudo, a subir e a descer, muito exigente em termos físicos e técnicos. A paisagem é daquelas em que tu te sentas a ver a vegetação a crescer. O pneu do Rocha voltava a perder ar como os meus pulmões (o rebite ganhava folga). Pela primeira vez tive a chamada dor de burro a andar de bike, o que valeu foi o conserto do furo acompanhado com a famosa música de apoio à dança do caixão.

Voltávamos à “nossa” GR50 em formato desfiladeiro descendente, passávamos por pontes românicas e aquedutos, descida serpenteante em calçada românica com o Rocha a berrar furo, o rebite voltava a soltar-se. A bike do Hélder já rangia por todo lado. Mais uns tilhos por pinhal e chegada aos carros.

Estávamos satisfeitíssimos, olhos carregados de beleza pelo que vimos, paisagens deslumbrantes com toques românicos com história, o corpo dorido principalmente os braços e peito, parecia que tinha feito 24h de karting, as bikes tb tiveram os seus amassos. Este passeio fica nos melhores que fizemos até hoje, pois, englobava tudo.


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