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Este passeio foi organizado para o dia 16 de Novembro de
2019, e à data não me lembro o porquê de não ter participado. Lembro-me que
tinha sido um tempinho de muita chuva, semanas consecutivas enchumbar o
terreno. Esse não é motivo para não andar-mos de bike.
Dois amigos do BTT que fizeram o passeio no dia, Sidónio e
Luís Martins com duas perspetivas diferentes dos trilhos. O Sidónio tinha
adorado os trilhos, o Luís nem por isso. Ambos diziam que havia muita lama,
trilhos por cima de constelações de pedras a subir e descer, pedalar em cima de
ribeiros. Trilhos duros, e com ajuda do tempo tornaram-se zonas impossíveis de andar em cima da bike.
No buraco do nosso calendário, calhou-nos um dia agradável.
Rocha, Pedro Faria e PedroS saiam no início do confinamento
do COVID 19. Já alertados, fomos um em cada carro.
O Faria com um upgrade na bike de 625w para 1125w ia sempre
de punho fechado a dar gás. O Rocha com 500w sonhava com mais potência, PedroS
tinha que arregaçar as meias e pedalar.
Um bom começo de trilhos na companhia do Rio Vizela, com
trilhos campestres em formato de ST, açudes, ciclovia, moinhos e levadas/canais
com uma visualização sempre bastante agradável por onde passávamos.
Na zona de Teibães, uma subida de ferrar no avanço, no final
uns moradores ofereciam-nos um vinho do Porto. Tivemos de recusar com tristeza. Ainda era muito cedo, e o COVID foi mais forte 😢.
Com o novo kit de potência o Faria ia-se entretendo a subir
por onde eu só pensaria subir a pé ou de mota, levando o Rocha a cair na
tentação de tb ele usar e abusar da bateria da bike. (Mas nem metade da
autonomia do Faria tinha, ia dar merd…)
Trilho muito verde, com forras de penedos e árvores. Água
cantando por todo lado, fugindo por onde o caminho se prostrava. Pedras e mais
pedras obrigavam-me a fazer de água e contornar o caminho mais sinuoso, mas uns
belos trilhos em todos os aspetos.
Os km andavam mais rápido, um estradão em sobe e desce dava
vontade de sentir o vento bater na cara, as curtas subidas eram quase retas. Os
outros dois iam bem na rota do rally, não estavam equipados com motores WRC,
mas a subir desapareciam num instante.
A passagem numa das casas mais conhecidas e fotografadas de
Portugal, víamos as primeiras bikes do dia.
Da aldeia da Lagoa até aldeia de Aboim, km 48, um trilho
espetacular que fez lembrar uns que fizemos nas aldeias históricas na Serra da
Lousã. Este é dos trilhos que tem de tudo o que nosso grupo gosta. É um trilho
que esgota as tuas reservas de energia, tens que pedalar e passar por todo o
tipo de obstáculos que o btt te dá. Juntando água, pedras escorregadias com
subidas escavadas pela água, deixando só uma rima de pedras uniformes em que
tentas andar sempre em cima da bike, e quando a adrenalina chama vais buscar
energia nem sabes onde, mas acabas todo derretido como a manteiga no verão.
O Rocha ficou assim de elétrica somando mais a subida até ao
moinho. A bateria da bike dele tb estava a querer abandonar o passeio e foram
os dois embora, para casa. No fim não houve tasco.
O Rocha abandonou aos 52km, e em boa hora, depois de
estarmos os três a encher o depósito de comida e descansar um pouco.
Aproveitava tb para abrandar o ritmo cardíaco.
Os primeiros metros a dois ficaram uma dureza estonteante, 650m com um ganho de 90+, praticamente o trilho todo enlameado. O equilíbrio em
cima da bike já era difícil, a roda traseira sempre a derrapar e tu a
compensares no limite, o Faria já tinha passado com os seus pneus puls, eu
tentava seguir por cima das marcas dele… mas ele é um peso pluma e não
adiantava muito seguir o trilho que ele calcava, enterrava-me na lama na mesma.
Entravamos na zona que mais me custou fazer, já todo mamado
para me desenvencilhar do lamaçal, ainda levo com o estradão até ao alto do
Morgair na companhia das eólicas.
Como prémio uns km à frente, uma paisagem de cortar a
respiração. Os olhos pousavam nos maciços do Gerês, o Ermal saltava à vista bem
com os trilhos recortados na serra. Podia ficar ali horas a contemplar aquele
belo cenário silencioso, mas… o som do meu batimento cardíaco que se recusava
baixar e as horas do dia a cair a pique não o deixavam. Decidimos arrepiar
caminho.
Agora, pela cota que estávamos e acumulado feito, o percurso
era praticamente descendente até ao fim, 20km para finalizar.
Descer tb cansa muito, e os trilhos que se seguiam eram
brutais, 4km a derreter a bike e o corpo. Começávamos com trilhos rápidos com
alguns sustos/surpresas pelo meio onde consegues manter uma boa adrenalina e
aumentar o vício do btt. Mais à frente o trilho tem um desvio à esquerda, mas
com a quantidade de informação que os teus olhos inundam o cérebro, o GPS fica
para segundo plano, enfaixarmos por uma zona não recomendada com as
probabilidades a não estarem a nosso favor. Era uma zona técnica, com muitas
pedras soltas e de muitos tamanhos com drop à mistura que se tornou pior.
Reparamos no fim que estávamos uns metros a lado do trilho por onde devíamos
ter vindo.
Praticamente de seguida, entravamos noutro trilho exigente
com descida mais acentuada. Este era mais fechado pela vegetação, tb carregado
de pedras mas não estavam soltas, a cor esverdeada delas não davam muitas
garantias, até que fomos desaguar literalmente num ribeiro que começou a fazer
parte do trilho, o hovercraft tinha ficado em casa, por isso fomos de bike 😊.
Uma zona tb bastante bonita.
A Chegada à barragem da Queimadela foi presenteada por mais
um trilho bombástico, onde o cérebro fica em cima da mesinha de cabeceira a
fazer de abajur. Trilho com aproveitamento do talude nas curvas, com pequenos
saltos e de seguida aterrar no espelho de água da barragem.
Já tinha feito esta descida há uns anos, e o percurso à
volta da barragem em caminhada tb.
Sabia que por onde íamos teríamos de carregar a bike às
costas calçada acima, o Faria ainda conseguiu fazer uma grande parte em cima da
bike mas não era fácil.
Chegados à aldeia do Pontido, outra zona muito flashada
pelas suas cascatas, moinhos de água, ponte e suas casas inseridas no meio
ambiente florestal.
Mais uma descida, até à praia fluvial cheia de adrenalina,
mas com o corpo já a entrar em stand by. Já não tinha força para transpor uns
míseros 20cm… Ufa!!! Ufa!!!
Da Barragem da Queimadela até Fafe, 7km de percurso
maioritariamente por estradas secundárias, alguns trilhos entre montes e campos
sem significado bttista. Mas como só estava um espectro em cima da minha bike
não me importei.
Foi um belo percurso, com muita variedade de trilhos e
paisagem, duro, mas no dia do passeio devia ter sido fo#$%&.
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