sábado, 31 de março de 2012

31-03-2012 - Passeio a Fátima

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No inicio do ano num jantar convívio o Rui GT vira-se para mim e diz: “quero ir a Fátima de bike”. Ok, respondo eu. Mas só vou se for num dia. Quando queres ir? 
- Lá para a Páscoa, no fim de semana antes. Diz o Rui GT.
Falei logo com o Filipe que se encontrava no jantar se queria vir, mas ele disse que ia de carro ao nosso lado, ou ia-nos buscar a Fátima. O Miguel também se prontificou a acompanhar o Filipe na carrinha, filados no leitão na vinda.

Enviei convites aos kedas para ver se alguém estava interessado em ir, marquei uma reunião para apalpar os pulsos a quem ia e tirar ideias para a nossa maratona de 240km em estrada.
Nagy, Carlos Pereira, Paulo Truta, Mendes, Pedro Faria, Carlos KTM, Rui GT, Vitinha, PedroS e Américo foram os que se aventuraram. Fomos nas nossas habituais bikes de monte e só mudamos os pneus para uma espessura mais curta. 

Em duas reuniões combinamos a hora de partida, as refeições e toda a logística, (somos um grupo organizadinho ou não?).Ficou combinado que alguns levariam massa simples e aletria para duas refeições e outros pêssego em calda. Um dia antes da partida, as mochilas tinham que estar em minha casa para carregar as carrinhas. As carrinhas de apoio só apareceriam às 8.00h em S. Jacinto e depois de 4 em 4 horas para abastecermos.


Encontro para as 4 da manhã e… claro o Mendes chega atrasado mas não foi o último. A medalha foi entregue ao Vitinha. Foto da praxe e arrancamos com dez minutos de atraso em velocidade de aquecimento para apanhar um ferry às 8.15h para atravessar S. Jacinto (Aveiro) .
Na zona da Maia tínhamos de decidir se íamos pela Ponte Arrábida ou Ponte D. Luís, decidimos ir pela Ponte D. Luís pelo tabuleiro inferior a acompanhar o Rio Douro e depois íamos desaguar ao mar.

Ao atravessar o Centro do Porto na Av. Dos Aliados mesmo ao lado da câmara do Porto, com o Rui GT à minha frente a fazer umas trajectórias menos aconselháveis, fujo para a esquerda duas vezes para o ultrapassar, mas ele estava teimoso e volta para a esquerda, dou um grito pelo nome dele em vez de dizer esquerda. Ouve um pequeno toque entre o meu guiador e a coxa dele, perdi o controlo da bike, agora… estava montado num cavalo selvagem a querer expulsar-me de cima do seu dorso. 

Ainda pensei que me ia safar da queda mas… o meu corpo já estava a ser arrastado pela Avenida. Ainda deu para pensar no Rui GT e como ele ficou, será que também caiu? Safou-se? Quantos ossos parti? Acabou o passeio para mim…

Quando fico imóvel ainda tive o discernimento de ver se vinha algum carro atrás de mim e vejo o Rui GT a fazer uma curva para o passeio, bem safou-se, a mesma sorte não teve o Pedro Faria, ao ver a queda e ao querer desmontar mais rápido para vir em meu auxílio, cai, e bate com o joelho na guia do passeio.

Levanto-me a custo para ver as informações que o meu corpo ia dar, os pulmões estavam a carregar ar, com a queda esvaziaram e estava a custar a falar. Na zona da anca direita um pequeno arranhão mas sentia que por dentro estava todo roto. As costelas doem que se farta, bati com a cabeça mas o capacete fez o trabalho dele, protegeu-me e partiu-se em dois sítios. Foram as consequências de uma queda a +- 50km/h numa estrada em paralelo.

A bike empenou o drop out, como tinha um suplente, o Carlos Pereira e o Carlos KTM trocaram enquanto eu ia vendo mais complicações da queda no meu corpo.
Agora tinha de decidir se ia embora, ao hospital ou continuar. Como aparentemente não parti nada e ia em direcção a Fátima resolvi ir até aguentar.

Lá arrancamos em direcção à Ponte D. Luís, Afurada e entramos na ciclovia junto ao mar até Espinho, de repente está o Carlos KTM no chão, fez um salto mortal por cima da bike sem saber como, ninguém viu motivo para tal. Aleijou-se um pouco no braço.
Os carros de apoio dão sinal de vida e nós ainda longe de S. Jacinto. A média prevista desapareceu e o ferry das 8.15h já arrancou, tínhamos de apanhar o das 9.30h ou mudar de trajecto para não fazer a travessia. Mais à frente decidiríamos o caminho a tomar.

Em Ovar optamos por manter o percurso inicial, atravessar a ria de ferry, mas para isso tínhamos de pedalar bem. O Rui GT como tinha andado na guerra em S. Jacinto foi para a frente a liderar o Pelotão, mas ia sozinho, desviado uns 500/700m, e assim continuou mais  quilómetros. Mais tarde ia pagar a factura, pensei eu. Aumentei o ritmo para o apanhar para nos agruparmos todos. O vento estava de frente e se não fossemos todos juntos íamos rebentar e não apanhávamos o ferry a horas.

Fizemos um pressing todos juntos e chegamos a 5 minutos do embarque, perdemos o Mendes e o Rui GT pelo caminho. Carregamos as bikes na carrinha e estávamos a dar a volta quando eles também chegaram, entramos todos na carrinha e… hora da banana, todos a comer bananas e a perguntar pela massa. O tempo da travessia era para comer, o Américo levou um frango estufado caseiro, o Mendes levou uma salada de massa com atum e o Vitinha massa Bolonhesa.


Atracamos e arrumamos as tralhas, faltava só encher os camelbacks e os bidões com água para arrancarmos. Agora é que iam ser elas, estava parado a comer e sentia a zona da anca a inchar como um balão. Já sabia que o arranque, subir e descer da bike e voltar a aquecer ia ser bastante doloroso, parar para mim era sempre má ideia.

Passamos numa zona de areia com caruma e manter-nos em cima da bike era quase impossível. Andamos ainda uns bons metros com a bike ao lado e eu lá ia a gemer.
Por volta do km 160 (perto de Mira) o Mendes, Rui GT e Carlos Pereira começam a pedir reforço alimentar, mas as carrinhas estão em Quiaios a almoçar, vamos ter de pedalar mais uns quilómetros sem apoio.

Esta fase do percurso na N109 com rectas intermináveis, dasse… que nunca mais acaba. Passamos Quiaios e Figueira da Foz pela periferia, as carrinhas só apareceram já tínhamos deixado para trás a Figueira de Foz a uns bons quilómetros.

Paramos logo que as carrinhas chegaram  e acabamos por estragar o negócio a uma menina que não desconta para segurança social. Armamos a tenda e volta a atacar nas massas, para sobremesa pêssego em calda. Abastecer água, arrancar e voltar a parar para concertar um furo na bike do Américo.

Faltavam uns sessenta quilómetros, as carrinhas agora iam sempre a acompanhar até ao final.
Os últimos 20km iam ser durinhos e os últimos doze sempre a subir com um acumulado de 500m+. 
Quem não se tinha alimentado bem ia sofrer na subida. 

Paulo Truta, Carlos KTM, Américo e Vitinha fazem a primeira parede na frente com o Nagy de boleia na carrinha, o Rui GT já se ia a arrastar pelo caminho (não ouve a voz da razão) “estou cheio de barras e bananas, não quero mais” mas… se não comer não anda.


Fui ficando para trás para moer a cabeça ao Rui GT, passa o Carlos Pereira e Pedro Faria por mim e fico à espera do Mendes e do Rui GT já em ritmo de passeio com os filhos. Na última e mais longa subida o Mendes pôs o ritmo dele e aos poucos foi desaparecendo, o Rui GT ia quase parado, aproveitamos para falar um pouco da vida. Mas a esta velocidade estava a ficar cheio de frio e as mazelas arrefecendo doíam-me mais. Disse ao Rui GT para se despachar, acelerei até voltar encontrar o Mendes. O Nagy volta para a montada mas o Rui GT só andava com a ideia, no fim da subida, um fininho.

Os da frente estiveram 45 minutos à nossa espera no fim da subida. Fizemos os últimos quilómetros e entramos no santuário todos juntos.


Agora era tomar um banho para depois voltarmos ao santuário já que não se podia levar as bikes para o recinto. O banho foi para o tecto que os balneários estavam fechados. O amigo do Vitinha falhou e fomos todos a cheirar muito bem de volta ao santuário.


Arrancamos para a Mealhada para a segunda peregrinação, esta também não correu lá muito bem o leitão era aquecido… logo… barrete.
Chegamos a Famalicão à 1.30h, quase 24h acordados fora aqueles que foram de directa tal era a ansiedade.
  
PS1: este rescaldo é um pouco longo mas foram 250km com uma semana a gelo e comprimidos para as dores e inflamação e tubos de hirodoid, o ânimo também não é o melhor… estou de molho e estareiiiiiiiiiii.

PS2: agradecimento ao Filipe / União Desportiva Bairrense e Miguel / Becri por nos terem acompanhado e o empréstimo das carrinhas.

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