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Como já fazemos este passeio de Natal há alguns anos a
pesquisa deste seria para zonas menos conhecidas.
Partindo do que é importante para um passeio deste género e
diversos tipos de canelo, não estava fácil arranjar um fato à medida.
Trás-os-Montes era para onde apontávamos no mapa, faltava saber para onde. Após
algumas indecisões os trilhos de Boticas iam ficar assinalados pelas nossas
rodas.
Sete Kedas: Nagy, Carlos Pereira, Faria, Rocha, PedroS, Rui
e Joel mais dois convidados Miguel e Mário concentravam-se pelas 7.15h em
Famalicão para tentar arrancar em cima da bike antes das 9.00h em Boticas, o
que não aconteceu... Muita logística…
Levávamos três tracks carregados no GPS para ver o que o
tempo e as pernas nos iam obrigar/deixar fazer.
Começamos por trilhos queimados, marca registada em 2017,
ainda estávamos aquecer quando os rastos de javali eram demasiado evidentes nos
trilhos, (segundo o caçador do grupo ). Dois Kedistas tb quiseram deixar as
suas marcas no chão, largar lastro. Mais um registo a ser visto da estação
espacial.
Não estava o frio para a quantidade de roupa que alguns
carregavam no corpo, a pausa estava a aumentar. Voltar a montar e aquecer, no
trilho um pinheiro tombado ocupa grande parte da via ciclável e o afunilamento
para a passagem estreita obriga a travagens sem direito a STOPs, o Rocha não vê
as luzes a acender mas ficou a ver as estrelas quando se enfaixou na roda
traseira do Carlos Pereira e levantou voo. Lá está, o aquecimento é muito
importante… e não sei se foi a quantidade de medronhos que comemos já com
cheiro a bagaço que tornou a condução menos assertiva. Mas um medronheiro
carregado de fruto desaparecer em escassos segundos… é obra. Alguns ainda
traziam medronhos amarrados ao equipamento, tal era a voracidade da gula.
Um novo elemento começava a fazer companhia, o nevoeiro,
esse grande aglutinador de paisagens, esse grande F”#$%& da P&%$% que
não nos deixava ver nada, às vezes nem 10m e durante muito tempo. O Joel começa
a colocar a bike de pernas para o ar, a transmissão com o nevoeiro grosso,
espesso e transpirado juntando as areias finas amarradas como se de limalhas se
tratasse, estava a dificultar-lhe a oxigenação da lubrificação da máquina. E a
média era altíssima não estivéssemos nós pedalar na cota dos 500m…
Estava na altura de carregar outro track e fazer uma parte
em sentido contrário, um pouco de alcatrão a descer, numa parede de nevoeiro
acompanhado de chuva miudinha, com curva contra curva sem ver um chavo. Aqui o
Rocha sentia a falta do seu guarda-lamas novo que trazia no camelbak, depois da
keda.
Só me preocupava a audição porque os carros elétricos,
esses, era para bater de frente ou levar uma panada na traseira da bike.
Quando o nevoeiro ficou mais em cima, nova paragem para
almoçar, era ver quem levava o melhor petisco de diversas variedades, tinha
desde arroz de marisco a batata-doce, sande americana, sande salpicão e a
famosa sande do Faria. Era à escolha.
O Rui achava estranho só ele é que não levava impermeável,
ou os outros é que viram mal o tempo previsto para Boticas.
Arrepiávamos caminho para aldeia da Penalonga, e longas
subidas começamos a fazer num total de 500+ de acumulado até ao Castro do
Lesenho.
Passamos na aldeia mas só os cães é que nos cumprimentavam,
a seguir eram as curtas subidas de ferrar no avanço, para depois o Rui tentar o
que a descer deveria ser interessante. Esta parte do percurso era ao contrário…
mas… bike prás costas e ganhar a taça da merda, segundo o Joel.
Depois de trepar o trilho com as bikes às costas, a paisagem
continuava lá e tinha de ser absorvida, mesmo com a chuva transformava-se numa
paisagem camaleónica ajudada pelo 10º elemento, o nevoeiro, as cores outonais
são de uma verdadeira beleza o que me deixa uma nostalgia de ter percorrido poucos
lugares este ano onde essas cores nos deixam a ganhar raízes.
Durante a escalada a perceção da descida, com as pedras a
produzir musgo para o presépio, e as almofadas de folhas deviam dar para umas
boas KEDAS.
Com as pernas ainda amarradas à caminhada/escalada a subida
em cima da bike estava a ser dolorosa para as minhas pernas e para a
transmissão da bike do Joel, nas mudanças mais baixas tinha de fazer “DH”, o
Carlos Pereira ia dando uma ajuda na mecânica mas era impossível, o óleo nem
amarrava à corrente, mistérios…
Na descida carregava as baterias para mais alguns km de
paisagem monocromática, mas as limalhas na transmissão do 10º elemento
deixavam-no para trás com a bike de pernas para o ar. Entravamos na zona
colorida do percurso sem chuva a descer. Os castanheiros em strip deixavam as
nossas rodas calcarem as suas roupas velhas.
Aí, o Joel não se queixava, mas as subidas tinham sempre
defeitos, e a paisagem que não se conseguia ver, e estava a chover, e era só
estradões, e a zona mais técnica era muito técnica, e etc & tal. Mas para o
ano ele vai escolher um trilho em dezembro com belas paisagens, belas descidas,
sem chuva, ST e afins, tudo o que gostamos no BTT do melhor… claro que o Rocha
vai ajudar. Pq é fácil. E ao gosto e canelo de cada um. .I.
O entusiasmo parecia ser maior, já se via mais ao longe e as
subidas não apareciam há algum tempo, os trilhos estavam a ser divertido, zonas
de lajes graníticas ladeadas vegetação e muita pedra, praticamente sem recorte
no terreno onde escolher colocar as rodas. O Mário vai lembrando a loucura da
Serra Amarela, uma zona igual, semelhante, o cansaço não era o mesmo, mas tinha
o mesmo aspeto, uma bonita e bela zona, puro BTT com caminhada, o que interessa
é lá estar e passar como dá vontade, e tentar não interagir com as pedras :)
Continuávamos a descer e a passar em zonas onde há muito não
passava ninguém, tal era a altura da vegetação. O Mário acabou com a sorte de
ter furado durante muito tempo, com um pneu montado na roda traseira que
tínhamos duvidas se ele não o tinha montado do avesso tal a inexistência de
tacos. Bicicleta de rodas para o ar, assunto a resolver com a ajuda de PedroS e
Miguel. Os outros atiravam pedras para ver quem “amandava” mais longe, ou
estariam a manterem-se quentes... Não foi a melhor zona para furar, o vento
estava a cortar e os atiradores de pedras foram descendo para zona mais
abrigada.
Com a reparação a
ficar pronta só faltava virar a bike ao contrário, o Miguel fez as honras e
vaticina o que ia acontecer minutos à frente. Ao virar a bicicleta dá com a
roda no capacete do Mário, dez metros à frente já montados, repete-se a
façanha, e em keda, sai pelo para-brisas da bike e leva outra vez com roda na
cabeça….
O cansaço de alguns já estava a aparecer e a luz a
desaparecer, com mais 10km no monte o pessoal decidiu fazer o restante pela
estrada, estavam cansados mas quem os via a pedalar no alcatrão percebia que
estavam cheios de sede, queriam ir o mais rápido para o tasco comer um prego
enferrujado tal era a fracura da coisa. Uma valente desilusão o prego no final
do percurso, mas a cerveja estava como de costume essa não nos deixa mal, já quentes
de roupa trocada, que sempre é mais confortável e aconchegante.
Estes 9 bettistas chegavam a Famalicão, um banho rápido para
se juntarem a outros 6 kedistas mais 3 convidados para o jantar de Natal
KEDASbike :)
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